“Ele batia só na minha cabeça. Foi chute, murro. Tive uma fratura completa no rádio e ulna [ossos do antebraço]. Iniciei minha fisioterapia, estou sem movimento do meu braço esquerdo. Tive um corte no supercílio, teve que dar ponto. Graças a Deus, eu não tive nenhuma lesão na cabeça mais grave, mas foi muito violento.”
O depoimento acima é da veterinária que foi espancada pelo namorado, Murilo Morais, na noite de 28 de agosto. O casal, que estava junto há 4 anos, seguia para a igreja no momento das agressões.
Murilo Morais, 33, que está preso preventivamente, trabalha como personal trainer. Cidadão de bem, temente a Deus, Murilo é também “cantor gospel” e tem canal no Youtube. “Quando o mundo cai ao meu redor, eu descanso em Teus braços de amor”, canta ele em um vídeo publicado no youtube, mas que foi removido recentemente.
Murilo responderá por tentativa de feminicídio. Ele só parou de bater na namorada porque um policial civil apareceu na cena do crime. “Nunca tinha visto nada tão brutal”, revelou o policial. Uma câmera de segurança registrou quando Murilo dá socos, chutes e bate a cabeça da vítima várias vezes contra o chão.
De acordo com o policial, ele estava parado na porta do condomínio próximo à praça em que o crime aconteceu, pois a filha dele mora no prédio. “Tinha um carro na minha frente com um casal de idosos e eu vi quando o senhor saiu e começou a gritar: ‘Não faz isso com ela não, não faz não’”, lembrou.
“Eu saí do carro rapidamente. Fui lá ver, e o cara estava dando socos no rosto dela. Eu comecei a verbalizar de longe, pedindo para ele parar que eu era polícia, mas ele não parava”, contou.
As imagens gravadas pela câmera mostram que Murilo se afastou da namorada. Segundo o policial, foi neste momento que o personal foi para cima dele. O temor do agente era que Murilo tomasse a sua arma.
“Eu fiquei cercando ele, nem deixando chegar perto da menina nem chegar perto de mim, e ele dar um bote e tomar a minha arma, porque ele é muito forte. Se pega a minha arma ali, ele podia matar a mim e a ela”, contou.
“Não era normal o jeito que ele estava. Ele não estava com medo, eu apontava a arma a todo tempo, e, mesmo assim, ele vinha para cima de mim, tive que dar um disparo para o alto. Depois do disparo, ele parou de se aproximar de mim”, comentou.
“Eu fiz isso para evitar atirar diretamente nele, para advertir. Mesmo assim, ele voltou na menina, falou alguma coisa e saiu correndo. Aí fui correndo atrás dele para fazer um acompanhamento. A gente correu ali quase meio quarteirão, até ele cansar e uma pessoa ajudar a rendê-lo. A Polícia Militar chegou e fez a prisão. Ele não falou nada”, lembrou.
“A cena foi muito pesada mesmo. Ele chutava muito o rosto dela, pegava distância e chutava o rosto dela com bastante brutalidade. Ela teve o braço fraturado em vários lugares. Ela ficou bem machucada”, relatou o policial, que não quis ter sua identidade revelada.