Podcast fala sobre os diversos tipos de vacina em análise para a covid

Fonte: Brasil de Fato

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“Não existe bala de prata no momento – e pode ser que nunca exista.” – a afirmação sobre as vacinas contra a covid-19 – feita pelo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na segunda-feira (03) – foi um balde de água fria em muita gente que aposta na imunização em tempo recorde.

Dias depois, na quinta-feira (06), o próprio Ghebreyesus amenizou o tom, disse que há seis substâncias bem posicionadas nos testes, mas ressaltou que no momento é preciso apostar em isolamento e testagem. Entre as mais de 150 pesquisas no mundo todo, há diversos tipos de estudo em andamento, detalhes que podem fazer diferença nos resultados finais.

No podcast A covid-19 na semana, o médico de família Aristóteles Cardona, da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, explica quais sãos as diferenças entres as diversas vacinas possíveis e detalha quais estão em teste no Brasil. Por não ter conseguido controlar a circulação do coronavírus e ter casos e mortes crescendo em velocidade alta, o país se tornou o local ideal para as pesquisas.

“Na fase três dos testes, a vacina é aplicada nas pessoas e essas pessoas têm que estar expostas ao vírus. Para funcionar, do ponto de vista ético, isso não pode ser feito em laboratório. Naturalmente se buscam locais onde a circulação do vírus ainda esteja muito alta. Infelizmente é fruto da falta de uma política de combate aqui no país. Falta uma condução centralizada, uma condução firme contra a pandemia.” 

A função das vacinas, em geral, é ajudar o corpo a criar anticorpos que ataquem uma proteína especifica que recobre o vírus. Os testes são necessários, não só para ter certeza da efetividade da substância, mas para que ela não cause danos ao organismo. “No caso do coronavírus, a proteína que está sendo utilizada é uma proteína chamada spike, que é característica desse vírus. É a partir da identificação dessa proteína que nosso organismo vai se defender.” explica Aristóteles.

Segundo o médico, há quatro métodos principais em teste hoje. “A mais comum é a utilizada para sarampo, gripe, pólio e outras doenças. Os laboratórios inativam o vírus ou deixam enfraquecido, de modo que esse vírus tenha capacidade de se reproduzir, ele tem a proteína específica que o identifica, mas ela está enfraquecida. O vírus vai se multiplicar no corpo, mas não causa a doença, não causa os sintomas. Serve para o corpo identificara proteína e gerar os anticorpos para se defender.”

utro método que está em estudo está presente na maior parte das pesquisas em andamento. Ele retira o material genético do vírus e utiliza apenas a proteína, que está na parte externa. “Ela vai injetar no corpo humano apenas a spike. A função é também o corpo identificar a proteína e gerar a defesa. Mas tem um problema nesse método: como ele não tem o material genético, o vírus não se reproduz. Talvez sejam vacinas que precisem de mais de uma dose. Quando a gente fala de bilhões de doses por mundo todo, cada dose a mais é uma dificuldade maior.”

Há ainda duas metodologias que não são utilizadas em larga escala em nenhuma vacina no mundo, mas segundo Aristóteles são muito promissoras. Uma delas injeta o coronavírus em outro vírus, praticamente inofensivo ao organismo humano, mas com possibilidade de reprodução. “Ele não tem a capacidade de causar a doença, mas ele vai se reproduzir e ajudar na defesa. É o método da vacina de Oxford, que atualmente tem parceria com a Unifesp e com a Fiocruz.”

O segundo método que ainda não é usado em nenhuma vacina disponível para aplicação, surge a partir de estudos genéticos. Também há previsão de testes dessas substâncias no Brasil. “Ele pega somente o material genético. Não vai pegar a proteína que recobre e nem o vírus inativado. Ele pega o material genético, injeta no corpo humano e o nosso próprio corpo vai gerar a proteína spike e os anticorpos que vão combater esse vírus.”

As possibilidades de que mais de uma dessas pesquisas mostrem resultados são grandes. A velocidade dos estudos para que se chegue a uma vacina que combata o coronavírus é inédita na história da ciência. Ainda assim, Aristóteles ressalta que os testes levam tempo e são necessários para garantir a segurança dos processos de imunização. Como destacou o diretor da OMS “há esperança, mas ao mesmo tempo, sem os resultados clínicos não podemos dizer que temos a vacina. Podemos ter ou não ter.”. No momento, é preciso usar os métodos disponíveis: isolamento e testagem em massa.

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