Faltaram metas do governo para o combate à Covid-19, diz Vicente Falconi

Fonte: Veja

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Poucos consultores de negócios possuem uma carteira de clientes tão impressionante como Vicente Falconi. Ao longo das últimas décadas, dirigentes de empresas como Gerdau, BRF, Ambev, entre outras, se valeram de seus ensinamentos para construir e se consolidar em posições de liderança em seus segmentos. Seus conselhos se mostraram fundamentais especialmente em momentos de crise, tanto no mundo público quanto no privado. Falconi participou ativamente, em 2001, do grupo de trabalho para a solução do apagão energético, durante a gestão Fernando Henrique Cardoso. Recolhido em sua casa durante a quarentena imposta pela pandemia, o consultor mostra-se bastante crítico com a gestão da crise sanitária e econômica feita pelo governo federal. Questões de gestão básica, segundo ele, foram ignoradas até aqui. Ele cita como exemplos o número insuficiente de testes e a ausência de uma métrica mais adequada para acompanhar a evolução do vírus no país — se o número absoluto de mortes ou se o valor ponderado pelo tamanho da população. Outra falha grave, de acordo com Falconi, foi a falta de um objetivo claro (meta) a ser alcançado no enfrentamento da Covid-19. “O que não é medido não é gerenciado”, resume o niteroiense de 79 anos. A seguir, a entrevista concedida pelo consultor em Belo Horizonte, por um aplicativo de vídeo.

Como o senhor vê o enfrentamento desta crise? Todas as crises são diferentes e têm características próprias. Algumas são de caráter emergencial, em outras há tempo para se preparar. Um exemplo do primeiro tipo foi o tsunami que ocorreu no Japão, em 2011. Não há como se planejar para um evento como esse. No segundo tipo, coloco a crise elétrica brasileira, de 2001, quando se sabia que haveria problemas na produção de energia do país. Independentemente da natureza de cada uma delas, o mais importante é saber a meta a ser alcançada no processo de solução, pois é exatamente isso que significa gerenciar uma crise. Até hoje tenho a apresentação que fiz para o Pedro Parente, então ministro da Casa Civil, sobre a crise de energia e que deixava clara a importância de estabelecer os objetivos a ser atingidos. Ninguém sabia o que fazer exatamente naquela época. Chegaram a sugerir um apagão de até três horas. Uma maluquice total, porque os hospitais não tinham geradores — iria morrer muita gente. Somente depois de estipularmos a meta, que era a redução do consumo de energia, conseguimos estabelecer um plano. É preciso definir um plano de ação para cada tipo de indústria, serviço e comércio a partir de uma meta. Isso vai se desdobrando de acordo com as diferentes situações. Obviamente que esse era um problema mais simples do que o que enfrentamos hoje, mas com nosso plano conseguimos salvar o avanço do PIB, que foi de 1,5% naquele aquele ano.

Leia a íntegra da entrevista aqui.

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