A mãe de Giovanne Gabriel de Souza Gomes, Priscila Souza, não escondeu o sentimento de revolta ao receber nesta quarta-feira (19) a informação da prisão de um policial militar suspeito de ter envolvimento na morte do filho de 18 anos. De acordo com a Polícia Civil do Rio Grande do Norte, o jovem foi morto porque teria sido confundido com um assaltante. O corpo de Gabriel foi encontrado no dia 14 de junho, em avançado estado de decomposição, em São José de Mipibu.
Parte da ação teria sido vista por populares que procuraram Priscila e contaram que ele foi pego quase em frente à casa da namorada, em Parnamirim. “Não foi só esse daí. Os populares mesmo disseram que não era só um policial na viatura, que a viatura passa pelo meu filho e não faz nada, só faz depois que um homem num carro faz um sinal com os braços. Aí é que o policial volta e pega ele. Esse homem falou alguma coisa. Falou o quê? Por que não aparece o rosto deles, a história completa?”, questionou.
O PM preso é do 8º Batalhão, responsável pelo patrulhamento da região Agreste. Também houve a apreensão de uma viatura da Polícia Militar.
No dia do desaparecimento de Gabriel, em 5 de junho, houve o roubo de um carro que foi encontrado posteriormente nas imediações de Emaús, em Parnamirim. Priscila lembra que, no caso de suspeita, o correto seria conduzir a pessoa para a delegacia e não para matá-la, e falou sobre o sentimento de indignação.
“Revoltada. Muito revoltada. Eu acho que é para prender. Independente do que um errado faça, a delegacia é para isso. Aqui no Brasil a gente não tem pena de morte. Independente do que tenha sido, não era para ter matado meu filho, ainda mais, enganado. Meu filho nunca aprendeu a dirigir”, falou.
“Mesmo que tivesse sido enganado, mas que tivessem prendido meu filho e eu iria lá tirar ele. Quer dizer que acontece um assalto aqui, aí passa um jovem sozinho e foi aquele jovem? Não. Tem que pegar o verdadeiro e prender”, destacou.
A mãe de Gabriel reforçou que quer que “que o caso seja totalmente solucionado para não acontecer com outros jovens o que aconteceu com o filho”.
De acordo com Priscila, antes de ser levado em uma viatura, Gabriel teria sido abordado por outros policiais que não eram do 8º Batalhão, que o liberaram após verificar documentação. “Eu acredito que vai ter justiça. É só não parar a investigação. Os outros policiais que abordaram meu filho corretamente viram que meu filho não tinha nada porque ele não saía sem documento. Viram que ele não tinha antecedente e liberaram. Nem todos fazem o trabalho errado”.
Sonho de ser militar
Gabriel era estudante e sonhava em ser militar. Ele também fazia um curso de informática na Cidade Alta em Natal e trabalhava fazendo bicos de manutenção, pintura, limpeza e encanação com o padrasto em Parnamirim, na Grande Natal.
Ele deixou a casa onde vivia com a mãe, a irmã e o padrasto no bairro Guarapes, em Natal, na manhã do dia 5 de junho para ir de bicicleta à casa da namorada em Parnamirim. O jovem fazia o trajeto em cerca de uma hora, mas sumiu antes de chegar ao destino. A namorada de Gabriel ligou preocupada para a mãe dele. Desde então não foi mais visto.
Familiares e amigos iniciaram a busca por Gabriel e chegaram a encontrar suas sandálias e a bicicleta em uma área de vegetação em Parnamirim. O corpo foi encontrado no dia 14 de junho com perfurações no crânio, provavelmente provocadas por arma de fogo, e com braceletes de plástico presos nos pulsos, de acordo com a perícia inicial do Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep).