Vacina sem segurança confirmada pode se transformar em pesadelo, diz Miguel Nicolelis

Fonte: Agora RN

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Uma vacina sem eficácia comprovada pode ser mais perigosa do que a falta de uma vacina para a Covid-19, alerta o neurocientista Miguel Nicolelis em entrevista à CNN. O especialista trata especificamente da Sputnik V, a imunização anunciada nesta terça-feira (11) pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, recebida com desconfiança pela comunidade científica.

“Nós temos que tomar cuidado, porque apostar em algo que a gente não conhece, uma alternativa cuja eficácia e a segurança não foram demonstradas categoricamente pode se transformar em um pesadelo. Infelizmente, nesse momento a comunidade científica internacional não tem conhecimento dos resultados que o governo russo anunciou hoje”, disse Nicolelis, em entrevista aos âncoras Monalisa Perrone e Caio Junqueira na noite desta terça.

O neurocientista afirma que as informações de que os pesquisadores russos não teriam concluído testes clínicos faz com que seja prematura a fabricação e distribuição em massa da vacina.

“Você precisa da fase 3 para testar em um grande número das pessoas para realmente ver se a segurança da vacina é confirmada, se ela é efetiva. E você tem que ter o seguimento de vários meses para ter certeza que nenhum efeito colateral tardio vai se manifestar e para ter certeza dessa resposta imunológica”, explica.

Miguel Nicolelis aponta que apenas o registro por parte da Rússia não seria suficiente para a fabricação da vacina no Brasil, mesmo que o país feche um acordo com o governo do Paraná, como tem se desenhado.

De acordo com o neurocientista, a Sputnik V precisaria preencher os critérios técnicos locais e ser aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Apesar das ressalvas, Nicolelis afirma que não há uma resistência específica da comunidade científica em relação a essa imunização pela origem russa, mas sim pela falta de transparência das etapas de pesquisa.

Ele diz que a imunização produzida pela farmacêutica AstraZeneca e pela Universidade de Oxford é mais promissora, por ter uma abordagem que está sendo considerada inovadora. O médico aponta que também é bem recebida a CoronaVac, vacina do laboratório chinês Sinovac. Ambas estão sendo testadas no Brasil.

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