Trans que recebeu transformação de beleza no RN ganha curso: ‘Somos gente’

Ana Paula Amorim, que é transexual, vai aprender a ser cabeleireira no mesmo salão que a ajudou. Funcionárias agora buscam tirá-la das ruas.

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Ana Paula passou por transformação no salão de beleza
Ana Paula passou por transformação no salão de beleza — Foto: Arquivo pessoal

Por G1 RN

A morada de rua transexual Ana Paula Amorim, de 47 anos, ganhou e aceitou fazer um curso profissionalizante no salão que fez uma transformação de beleza nela na semana passada em Natal. Ela retornou ao local depois de sua história ter ganhado notoriedade e foi presenteada com uma capacitação para se tornar cabeleireira.

O curso vai ser ministrado pelas próprias profissionais do salão de beleza, que fica no bairro Ponta Negra, na Zona Sul. “Ela vai aprender a preparar o cabelo, a fazer as mechas da raiz, a escovar e fazer o ‘babyliss’. Vai ser um curso inteiramente prático, super completo e de cinco dias. Então, ela vai se capacitar”, explicou Lílian Soraya, que trabalha no local.

Ana Paula Amorim estava comendo lixo em frente ao salão de beleza no dia 24 de maio, quando a dona do salão, Tatiana Van Campo, viu a cena e a convidou para se alimentar. Dias depois, ela, que queria apenas fazer a sobrancelha, ganhou uma transformação completa de beleza nas mãos da profissional. “É difícil encontrar alguém assim para apoiar. Eu agradeço muito a ela”, disse Ana Paula.

A transexual disse que aos 8 anos de idade ela saiu pela primeira vez de casa, o que anos depois aconteceu de forma efetiva e sem volta, pela falta de apoio da família em relação à sua orientação sexual.

“Algumas pessoas da minha família me apoiam, mas tem umas que não me apoiam”, comentou. “Isso não é uma doença, isso não é uma coisa que a gente quer ou não quer. Isso acontece nas melhores famílias. Nós somos gente, ser humano igual qualquer pessoa”.

A história de Ana Paula ganhou repercussão depois que outra funcionária do salão, Jhéssyka Mendes, resolveu contar sobre a transformação e um pouco da vida da moradora de rua. Jhéssyka também é transexual e, apesar de ter sido aceita pela família, se viu naquela história.

“Não teve como não me colocar no lugar dela, apesar de não ter a mesma história, porque minha família sempre me apoiou. Se minha família não tivesse me apoiado, poderia ser eu. Quantas ‘Ana Paulas’ não tem por aí? A sociedade meio que fecha os olhos pra isso. E não tinha como a gente agir diferente. Foi apenas um simples gesto que mudou o dia dela, colocou um sorriso onde não tinha” pontuou.

Além de oferecer o curso, as profissionais do salão, que já conseguiram um tratamento dentário para Ana Paula, querem tirá-la efetivamente das ruas, local onde ela tem vivido por mais de 30 anos.


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