Uma tartaruga da espécie oliva foi encontrada completamente coberta por óleo na praia de Redinha, em Extremoz, na região Metropolitana. Após aviso dos moradores da localidade, o animal foi recolhido pela equipe do Aquário de Natal, que fica na mesma praia, foi limpo e está em tratamento.
A preocupação dos veterinários e biólogos do Aquário é que a tartaruga tenha ingerido grande quantidade de óleo, já que estava coberta pelo material quando foi encontrada. “Ela chegou repleta de óleo, com placas de óleo caindo do plastrão, da face toda. Na mucosa da cavidade oral, a gente observa que tem óleo. Então, vamos começar a fazer procedimentos para minimizar o efeito desse óleo internamente”, explicou Sofia Cabral, veterinária do Aquário de Natal.
Segundo a veterinária, o efeito da ingestão desse óleo pode gerar distúrbios neurológicos e gástricos, por exemplo. “É um efeito devastador”, pontuou.
A tartaruga-oliva foi limpa pela equipe do Aquário de Natal, que agora vai fazer o tratamento para tentar manter o animal vivo. A tartaruga vai ser medicada e aguardada a reação dela à dosagem na terça-feira (24). A veterinária Sofia Cabral, do Aquário, acredita que o caso com o óleo foi relativamente recente, já que a tartaruga aparentava estar saudável. “Vamos fazer procedimentos pra minimizar o efeito desse óleo no organismo, ver se ainda há tempo pra isso”, disse.
Essa é a segunda tartaruga encontrada nessas condições no litoral potiguar. No dia 11 de setembro, uma tartaruga-marinha também coberta por manchas escuras foi encontrada em Jacumã. O animal foi limpo por um trabalhador da região e devolvido ao mar em sequência.
Nesta segunda-feira (23), outra tartaruga também coberta de óleo foi encontrada nas praia de Alcântara, no litoral do Maranhão.
Tartaruga-oliva
Segundo a equipe do Aquário de Natal, o animal encontrado nesta segunda-feira (23) é uma tartaruga-oliva, uma das menores espécies. Elas vivem em mares tropicais e subtropicais, nos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico. Quando estão no Atlântico, vivem próximos a América do Sul e na costa oeste da África.
De acordo com o Aquário de Natal, portanto, é comum que essa espécie apareça no litoral potiguar. Essas tartarugas vivem principalmente em águas rasas, mas também em mar aberto.
“É uma das menores espécies que nós temos, ela corre no nosso litoral. Então foi um momento de fatalidade. A nossa preocupação é que esse é apenas um animal dentre tantos outros que podem vir a aparecer e que podem morrer sem que a gente tome conhecimento”, disse a veterinária Sofia Cabral.
Ela reforçou ainda que é a espécie é uma das ameaçadas de extinção e que “todo o esforço para tentar salvar esse animal é válido”.
Manchas escuras
No dia 9 de setembro, manchas escuras, semelhantes a um óleo, apareceram nas areias de algumas praias do Rio Grande do Norte, como Barra de Tabatinga, Pirambúzios, Perobas, Jacumã, Búzios, Camurupim, Pirangi do Sul e Maxaranguape, além da Praia de Pipa.
Esse mesmo material surgiu também em praias de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e, de forma mais recente, no Piauí e Maranhão. O material chegou a ser recolhido pela Marinha do Brasil e enviado para análise no Rio de Janeiro. Nenhum resultado, no entanto, foi determinado até o momento.
O Ministério do Meio Ambiente respondeu nesta segunda-feira (23) a uma solicitação do G1, enviada no dia 12 de setembro, sobre o material encontrado no litoral do Nordeste. Em nota, o Ministério do Meio Ambiente disse que nas últimas duas semanas manchas de piche surgiram no litoral pernambucano e casos pontuais foram relatados em Alagoas e no Rio Grande do Norte.
A nota diz ainda que “grandes distâncias entre manchas de óleo encontradas em praias costumam indicar que o ponto de despejo está distante” e que “considerando que o litoral dos estados de Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte não concentra oleodutos e plataformas, órgãos ambientais consideram a hipótese de que o material seja procedente de embarcações”. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, “as características do piche indicam que o material tenha sido despejado há bastante tempo”.
O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema) recomendou cuidados para a população potiguar no recolhimento e manuseio desse material que apareceu no litoral potiguar e alertou para os perigos do contato direto com as manchas.
O Ministério Público Federal também promoveu uma reunião para tratar da limpeza e do descarte adequado do material, além de buscar identificar a origem e os responsáveis pelo derramamento desse resíduo.