O professor Miguel Oliveira Filho, 59 anos, deveria ter retornado às duas escolas de Ensino Médio onde leciona em Manaus no último dia 10 de agosto, data em que a rede retomou as atividades por determinação da Secretaria de Estado de Educação (Seduc-AM). O docente, no entanto, decidiu se unir a colegas de profissão que estão em greve por serem contra a volta às aulas durante a pandemia do novo coronavírus.
Filho conta que chegou a ter um contato presencial na Escola Estadual Desembargador Andre Vidal de Araujo e na Escola Estadual Engenheiro Arthur Soares Amorim – onde leciona – para participar de um dia de jornada pedagógica, quando ainda não tinha decidido pela greve. Dias depois, teve a confirmação de que está infectado pelo coronavírus. O teste foi feito via secretaria municipal de educação, já que o docente dá aula em uma terceira escola pela prefeitura.
“Comuniquei a minha testagem imediatamente às duas escolas que interromperam as atividades para um processo de sanitização, mas não basta”, diz o docente. “As escolas não possuem janelas que permitam ventilação nas salas de aula. Têm apenas um banheiro para as meninas e um para os meninos. E não há papel higiênico. Mesmo com o fracionamento dos estudantes, estamos falando em uma circulação mínima de 200 jovens diariamente. O protocolo de saúde do governo é muito bonito na teoria, mas inútil na prática”.
O professor afirma que a greve tem o objetivo de pressionar o estado a recuar sobre a reabertura das escolas de Ensino Médio. Segundo informações da Secretaria de Estado da Educação (Seduc-AM), 123 escolas e mais de 83 mil estudantes retornaram às atividades na capital. A rede pública estadual possui 106.294 estudantes matriculados no Ensino Médio somente em Manaus.
O estado do Amazonas, governado por Wilson Lima (PSC), foi o primeiro do País a reabrir escolas públicas. A capital Manaus também foi a primeira a reabrir as escolas particulares em 6 de julho.