A prova está aqui. Estar aqui hoje eu acho que é um convite a todos. A gente só ama o que conhece de perto”. A primeira celebração em homenagem a Santa Dulce dos Pobres já é um milagre, como afirma a superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) e sobrinha da freira, Maria Rita Pontes. “A graça é grande e eu divido com a Família Osid e todos os profissionais da casa, que respondem tão bem a esse chamado”, completou.
Após a canonização pelo Vaticano no dia 13 de outubro, a primeira celebração no Brasil em homenagem a Santa Dulce dos Pobres reuniu na Arena Fonte Nova na tarde deste domingo (20), autoridades políticas, convidados, funcionários da Osid e milahres de fiéis, em missa em celebrada pelo arcebispo primaz do Brasil, dom Murilo Krieger, na Arena Fonte Nova neste domingo (20).
“Estar aqui hoje eu acho que é um convite a todos. A gente só ama o que conhece de perto. O Império do Amor foi uma forma de que as pessoas cheguem mais junto desse trabalho que ela fez e continua fazendo na área de educação”, acrescenta Maria Rita, que pediu ainda para que os fieis conheçam as obras assistenciais fundadas pela primeira santa brasileira.
“Com certeza, a nossa demanda irá aumentar, inclusive, das pessoas que vão vir agora em busca da fé dela. Beber um pouquinho dessa fonte. Do amor, do amor ao próximo, de poder se inspirar na nossa Irmã Dulce”, destacou.
O evento que reuniu quase 50 mil pessoas contou com diversas apresentações de bandas católicas, símbolos religiosos e do espetáculo Império do Amor que contou com a participação dos artistas Waldonys, Margareth Menezes, Tuca Fernandes e Saulo mais o Padre Antônio Maria.
“Estamos vivendo hoje um dia de alegria no meio do povo e eu desejo que saibamos agora estar mais atentos aos sinais de amor que Deus vai continuar nos dando. Deus me escolheu para celebrar a primeira missa, por pura misericórdia. Então eu só tenho que agradecer a ele”, disse dom Murilo Krieger, ao presidir a cerimônia, em que pontuou também a importância do legado do Anjo Bom da Bahia para fieis de outras religiões:
“Tenho certeza que nossos irmãos de outras igrejas, vendo exemplos de testemunhos de Irmã Dulce vão querer imitar essa sua generosidade. Vão querer pensar também: ela fez o bem sem perguntar que religião eu era. Ela me atendeu. Eu tenho confio que isso marcará profundamente o coração de nossos irmãos e continuaremos aprendendo a nos respeitar mutuamente”.
Fé em Dulce
Acompanhado pelas filhas Lívia e Marcela e pelos pais, Rosário e Antônio Carlos Magalhães Júnior, o prefeito ACM Neto também esteve presente na celebração e comentou sobre a emoção de participar da primeira missa da Santa Dulce dos Pobres:
“Tenho muito orgulho em ser prefeito de Salvador em um momento como esse. Realmente é algo que toca o meu coração e eu tenho certeza que essa primeira missa celebrada em homenagem a Santa Dulce entra para a história de Salvador e reforça ainda mais a importância da religiosidade e da fé para os baianos”.
O prefeito acrescentou ainda que as obras que integram o Caminho da Fé, na região da Cidade Baixa, do santuário de Irmã Dulce até a Igreja do Bonfim estão previstas para ser entregues no inicio do próximo ano. “Nós vamos entregar no começo de janeiro esta obra para que a gente possa de fato receber um número ainda maior de turistas, romeiros e peregrinos e pessoas que virão para Salvador conhecer mais de perto a nossa Santa Dulce. Portanto, há ai um elemento importante e a prefeitura pretende estreitar ainda mais esse trabalho com a própria igreja para que esta estratégia seja uma estratégia forte e nos traga resultado também”.
O governado da Bahia, Rui Costa, também reforçou a vocação de aumentar o turismo religioso no estado por conta da fé na Santa Dulce dos Pobres. “Irmã Dulce se tornou santa pela sua dedicação, por isso que nós afirmamos que Irmã Dulce está acima, inclusive, das religiões, pela sua vida e sua história no cuidado com outras pessoas. A Bahia ainda será uma referência maior do que já com suas mais de 300 igrejas e agora a fé em Irmã Dulce vai ajudar o destino religioso do nosso estado”, ressaltou Costa.
Legado
Irmã Dulce nasceu em 26 de maio de 1914, em Salvador. Aos 7 anos, ela perdeu a mãe e, aos 13 anos, já acolhia mendigos e doentes na casa onde morava com o pai e os irmãos, no bairro de Nazaré, na capital baiana. A vida religiosa começou aos 18 anos, quando, após se formar como professora primária, ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus.
Somente aos 19 anos, em 13 de agosto de 1933, recebeu o hábito de freira e adotou o nome de Irmã Dulce em homenagem à mãe, que se chamava Dulce Maria.Em 1935, iniciou a assistência à comunidade carente, sobretudo nos Alagados, conjunto de palafitas que foi formado no bairro de Itapagipe, na capital baiana.
Em 1939, Irmã Dulce invadiu cinco casas, em um local de Salvador conhecido como Ilha dos Ratos. Nos imóveis, acolheu enfermos e desabrigados. Ainda na década de 30, ajudou operários do bairro de Itapagipe, em Salvador, a formarem a União Operária São Francisco. Logo depois, juntamente com Frei Hildebrando Kruthaup, fundou o Círculo Operário da Bahia.
Na década de 60 transformou um galinheiro do Convento de Santo Antônio em albergue. Mais tarde, o lugar deu origem ao Hospital Santo Antônio, no Largo de Roma, em Salvador, e às obras sociais que levam o nome dela. Em 13 de março de 1992, faleceu em Salvador. Em 2011, foi nomeada beata. Em 13 de outubro de 2019 foi canonizada e se tornou santa com o nome Santa Dulce dos Pobres.
*O projeto Pelos Olhos de Dulce tem o oferecimento do Jornal CORREIO e patrocínio do Hapvida.