Uma audiência pública discutiu nesta segunda-feira (27) proposta técnica apresentada pelos conselhos regionais de Engenharia e de Arquitetura para a segurança da Ponte Newton Navarro, que liga a Zona Leste à Zona Norte de Natal. A reunião aconteceu na Câmara Municipal da capital potiguar.
Com 1.782 metros de extensão, a ponte Newton Navarro foi inaugurada em 2007 e tem 60 metros de altura no seu ponto mais alto – o equivalente a um prédio de 20 andares. De acordo com a proposta apresentada, serão colocadas placas de vidro com dois blocos com espessura de 4 milímetros cada uma em toda a extensão da ponte. O objetivo é coibir suicídios no local.
“A ponte Newton Navarro é uma ponte turística e não poderíamos impactar o visual dela, por isso apresentamos a colocação dessas placas com o total de 8 milímetros de espessura e com altura de até dois metros e cinqüenta do piso ao topo da placa”, disse a presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), a engenheira Ana Adalgisa Dias.
A obra tem valor estimado em R$ 2,7 milhões. O coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Civil do Crea, Alessandro Câmara, ressaltou o que foi levado em conta na elaboração do projeto. “Nós analisamos alguns pontos para construir o projeto de segurança da ponte, como evitar a ocorrência de suicídio, aproveitar a estrutura existente, não obstruir o visual e utilizar material resistente”, explicou.
O engenheiro acrescentou que a utilização do vidro ocorre em outras pontes ao redor do mundo. “A proposta é utilizar a estrutura existente e implantar as placas de vidro em toda a extensão da ponte, com inclinação para dentro, dificultando a pessoa passar para o outro lado”, apontou.
Para o Coronel Monteiro Júnior, comandante do Corpo de Bombeiros, o suicídio é uma questão de saúde pública. “A iniciativa de proteção na ponte é louvável, mas necessitamos trabalhar no foco do problema. O suicídio é uma questão de saúde pública, não são apenas medidas de segurança que vão diminuir os índices, o poder público deve fornecer o tratamento, descobrir a raiz da doença, tratar o cidadão para que ele não cometa o ato”, afirmou o comandante.
A psicóloga Nayran Cardoso, do hospital psiquiátrico Professor Severino Lopes, comentou que é preciso perceber os sinais da depressão.
“As pessoas que são acometidas de depressão têm dificuldades de acesso ao tratamento, dificuldade de aceitação da família e do ambiente de trabalho. Essas pessoas muitas vezes dão sinais, e precisamos estar atentos a eles, por isso a importância desse debate sobre o suicídio, sobre maneiras de identificar a doença, tratá-la e formas de coibi-la”, disse.
Um acampamento foi montado por um grupo de evangélicos e outros voluntários, que se prontificaram a ajudar os religiosos, na cabeceira da Ponte Newton Navarro. Eles começaram a se revezar 24 horas por dia no local para impedir que pessoas cometam suicídio e exigiram uma atuação do poder público no local.
De acordo com o presidente da Câmara, vereador Paulinho Freire (PSDB), o objetivo da reunião era conhecer a proposta, para, em seguida, “cobrar do poder público que ele aloque recursos” para solucionar o problema.