PF indicia ministro do Turismo e mais 10 por candidaturas-laranja no PSL em Minas

Ministro foi indiciado por um crime eleitoral e também por associação criminosa; o G1 entrou em contato com o assessor de Marcelo Álvaro Antônio por telefone e aguarda retorno.

Por Fernando Zuba e Cíntia Paes, TV Globo e G1 Minas — Belo Horizonte

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O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, durante audiência no Senado — Foto: José Cruz/Agência Brasil
O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, durante audiência no Senado — Foto: José Cruz/Agência Brasil

A Polícia Federal indiciou o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), e mais 10 pessoas no inquérito sobre o uso de candidaturas-laranja no PSL em Minas Gerais. Ele foi indiciado pelo crime eleitoral de omissão na prestação de contas de campanha e pelo crime de associação criminosa.

G1 entrou em contato com o assessor do ministro às 9h40 e aguarda retorno. A reportagem também tenta contato com o PSL em Belo Horizonte.

Indiciados

  • Marcelo Álvaro Antônio – ministro
  • Irineu Inacio da Silva – deputado estadual em Minas pelo PSL – conhecido como Professor Irineu
  • Lilian Bernardino – suspeita de ser candidata-laranja
  • Debora Gomes – suspeita de ser candidata-laranja
  • Camila Fernandes – suspeita de ser candidata-laranja
  • Naftali Tamar – suspeita de ser candidata-laranja
  • Marcelo Raid Soares – dono de duas empresas gráficas em Belo Horizonte
  • Reginaldo Donizeti Soares – irmão de Roberto Silva Soares, sócio de duas empresas que prestaram serviço eleitorais às candidatas investigadas
  • Roberto Silva Soares – Assessor do ministro, preso em em junho deste ano
  • Haissander de Paula – ex-assessor do ministro quando ele era deputado federal, preso em junho deste ano
  • Mateus Von Rondon – assessor especial do ministro, preso em junho deste ano

O indiciamento faz parte da conclusão do inquérito da Polícia Federal. De acordo com o delegado Marinho Rezende, o inquérito foi entregue ao Ministério Público Eleitoral de Minas Gerais, nesta quinta-feira (3). Agora, cabe ao MPE decidir se apresenta ou não denúncia à Justiça.

Marcelo é citado em depoimentos na investigação sobre o uso de candidaturas de mulheres na eleição de 2018 para desvio da verba eleitoral no estado. Ele era o presidente estadual do PSL, partido do presidente da República, Jair Bolsonaro.

A suspeita é que o partido inscreveu essas candidatas sem a intenção de que elas fossem, de fato, eleitas. Isso porque o Tribunal Superior Eleitoral decidiu que pelo menos 30% dos recursos do fundo eleitoral devem ser destinados a candidaturas femininas.

Duas ações da PF já foram deflagradas para investigar o caso. Em abril, a primeira fase da operação cumpriu sete mandados de busca e apreensão em cinco cidades de MG, incluindo a sede da legenda em Belo Horizonte . A segunda fase aconteceu em junho e cumpriu três mandados de prisão, tendo como alvo principal o assessor especial de Álvaro Antônio, Mateus Von Rondon.

O ministro Marcelo Álvaro Antônio sempre negou irregularidades nas candidaturas.

A advogada Fernanda Lage Martins da Costa, que defende as quatro mulheres suspeitas, disse que o indiciamento delas foi feito em agosto e que já entrou com um pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) e aguarda o julgamento deste recurso.

G1 procurou o deputado estadual Professor Irineu e aguarda retorno. O G1 tenta contato com os demais indiciados.

Candidaturas-laranja no PSL

Adriana Borges, ex-candidata a deputada federal pelo PSL-MG. Ela confirmou que foi procurada pelo partido para repassar parte da verba recebida do fundo eleitoral — Foto: Reprodução/TV Globo
Adriana Borges, ex-candidata a deputada federal pelo PSL-MG. Ela confirmou que foi procurada pelo partido para repassar parte da verba recebida do fundo eleitoral — Foto: Reprodução/TV Globo

Em março deste ano, em depoimento à Polícia Federal, a filiada do PSL Zuleide Oliveira acusou Álvaro Antônio de chamá-la para ser candidata-laranja nas eleições do ano passado. Segundo Zuleide, o ministro teria organizado sua candidatura para que ela pudesse receber – e depois devolver – verbas ao partido, desviando dinheiro público da campanha.

Zuleide detalhou que recebeu uma proposta de um assessor do ministro, então presidente do PSL em Minas, para devolver R$ 45 mil dos R$ 60 mil que receberia para a campanha. O ministro negou a acusação e disse que Zuleide “mente descaradamente”.

Outras candidatas do PSL mineiro já são investigadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público por suspeita de candidatura-laranja na eleição passada. As investigações apuram a denúncia de que o dinheiro enviado às candidatas teria sido devolvido a assessores do ministro Marcelo Álvaro Antônio.

A ex-candidata a deputada federal Adriana Moreira Borges disse ao Ministério Público Eleitoral também ter recebido uma proposta de um assessor de Álvaro Antônio para repassar R$ 90 mil dos R$ 100 mil que receberia para fazer a campanha em 2018.

Gustavo Bebbiano

Áudios de conversas entre Bolsonaro e Bebianno repercutem no Congresso — Foto: Reprodução/JN
Áudios de conversas entre Bolsonaro e Bebianno repercutem no Congresso — Foto: Reprodução/JN

O caso das candidaturas suspeitas de serem laranjas foi revelado pelo jornal “Folha de S.Paulo”. Além de Álvaro Antônio, as denúncias causaram uma crise que atingiu Gustavo Bebbiano, que acabou exonerado do cargo de secretário-geral da Presidência da República.

No caso de Bebianno, as suspeitas surgiram em Pernambuco, onde a candidata a deputada federal pelo PSL Lourdes Paixão recebeu R$ 400 mil de verba pública eleitoral, mais do que o repassado para a campanha de Bolsonaro, e obteve 274 votos nas eleições de 2018.

Durante as eleições, Bebianno era presidente nacional do PSL, mas ele negou que tenha sido responsável pela escolha dos candidatos que receberam dinheiro do fundo partidário em Pernambuco.

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