OMS admite ser possível transmissão aérea do novo coronavírus

Fonte: DW Brasil

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) admitiu nesta terça-feira (07/07) haver novas evidências sobre a transmissão aérea do novo coronavírus após um grupo de cientistas apelar para que a entidade atualize suas orientações sobre prevenção do contágio entre pessoas.

Nesta segunda-feira, uma equipe de 239 cientistas de 32 países pediu à OMS o reconhecimento do “potencial de transmissão aérea” do coronavírus Sars-Cov-2 para além da distância recomendada de dois metros entre as pessoas, além de medidas preventivas para esse tipo de contaminação, sobretudo em espaços lotados.

A OMS considera como principal via de transmissão as gotículas respiratórias expelidas durante a fala ou tosse, motivo pelo qual a entidade sugere uma distância de segurança de dois metros entre as pessoas, além do uso de máscara de proteção.

No entanto, o grupo de pesquisadores, em carta enviada à OMS, afirma “para além de qualquer dúvida razoável” que, por meio de respiração, fala, espirros ou tosse, o vírus se espalha em microgotículas suficientemente pequenas para permanecer no ar e constituir “um risco de exposição a distâncias superiores a um ou dois metros de uma pessoa infectada”.

As gotículas, que medem entre cinco ou dez micrômetros – menos do que a espessura de um fio de cabelo –, caem ao chão em segundos dentro uma distância de um ou dois metros. Mas microgotículas de tamanho menor podem permanecer suspensas no ar por várias horas no chamado aerosol, viajando por dezenas de metros.

“Temos conversado sobre a possibilidade de transmissão aérea e transmissão por aerossóis como modos de transmissão da covid-19”, disse Maria Van Kerkhove, líder técnica em a pandemia de covid-19 na OMS.

Durante entrevista coletiva virtual, falando de Genebra, Benedetta Allegranzi, especialista da OMS em prevenção e controle de infecções, disse que há novas evidências surgindo sobre o tema, mas que estas ainda não são definitivas.

“A possibilidade de transmissão aérea em situações de público – especialmente em condições muito específicas, em ambientes lotados, fechados e pouco ventilados, como descritos – não pode ser descartada”, disse. “No entanto, as evidências precisam ser coletadas e interpretadas, e continuamos apoiando que isso ocorra.”

Qualquer alteração na avaliação de risco de transmissão da OMS pode afetar a recomendação atual para que as pessoas mantenham cerca de dois metros de distanciamento físico. Governos, que dependem da agência para sua política de orientação, também podem precisar ajustar as medidas de saúde pública destinadas a conter a propagação do vírus.

Van Kerkhove disse que a OMS publicará nos próximos dias um resumo científico com os conhecimentos mais recentes sobre os modos de transmissão do vírus. “É necessário um pacote abrangente de intervenções para pararmos a transmissão”, disse.

“Isso inclui não apenas o distanciamento físico, mas também o uso de máscaras, quando apropriado, em determinadas situações, especificamente onde você não pode fazer distanciamento físico e, especialmente, para profissionais de saúde”, destacou.

“A transmissão pelo ar é uma das formas de transmissão, é importante adotar medidas para evitar essa transmissão. Daremos mais informação assim que estiver disponível”, disse ainda Van Kerkhove.

Na habitual conferência de imprensa da OMS, o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ressaltou que a epidemia está acelerando seu ritmo no mundo, após terem sido registrados 400 mil novos casos só no último fim de semana, ainda que o número de mortes diárias não tenha aumentado e pareça ter estabilizado.

“O surto está acelerando claramente, e ainda não alcançamos o pico da pandemia”, disse Ghebreyesus.

Atualmente, há um número médio diário de novas infecções de cerca de 200 mil. Em abril, havia uma média de 6 mil mortes por dia, que passou a uma média de 5 mil em maio e se mantém agora com alguma estabilidade, apesar do aumento do número de infeções. Os especialistas da OMS atribuem o menor número de mortes a ações de alguns países para proteger as populações mais vulneráveis, como as pessoas que vivem em lares de idosos.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 544 mil mortes e infetou mais de 11,8 milhões de pessoas no mundo, segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins.

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