Levantamento feito pela CNN junto às secretarias de Saúde estaduais e municipais revela que 17 estados de quatro regiões do Brasil, além do Distrito Federal, ultrapassam a taxa de 80% de ocupação dos leitos de enfermaria e UTI. Os dados coletados trazem os números de internações mais atualizados até esta segunda-feira (1º).
Os estados e municípios geram os dados a partir de critérios diferentes, como a situação da rede pública e privada, a ocupação de UTI adulta, pediátrica e de Covid-19, assim como a taxa total que reúne todas as informações.
O Sul do país apresenta o pior quadro de lotação dos leitos, com os três estados que compõem a região com taxas de ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) acima de 90%.
Em entrevista à CNN, a infetologista Thaís Guimarães, que preside a Comissão de Infectologia do Hospital das Clínicas, explicou que “100% de ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) é o colapso instalado. Mas, acima de 90%, já estamos em colapso, porque não temos como fazer a rotatividade de leitos”.
O Rio Grande do Sul, que vive a pior situação do país, está operando com ocupação de 96,9% da sua capacidade nas redes de saúde pública e privada. A Justiça suspendeu a volta às aulas no estado nesta segunda-feira (1º). Apesar da gravidade da situação, o governo informou que vai recorrer da decisão
No Paraná, as internações em UTIs para adultos atingiram 92% da capacidade de leitos. Em Santa Catarina, 95,4% dos leitos da rede de saúde pública estão ocupados.
Outros três estados estão em crise por conta da proximidade do esgotamento de leitos. Rondônia, no Norte do país, está com 97,5% dos leitos de UTI para adultos ocupados. No Centro-Oeste, Goiás tem 95,7% de ocupação de eleitos de UTI-Covid.
Fila de espera
O ranking dos estados com maior taxa de ocupação dos leitos de UTI e enfermaria é encabeçado por Rio Grande do Sul (96,9%) e Rondônia (97,5)%. O Distrito Federal teve queda considerável no intervalo de atualização, passando de 96,4%, em 28 de fevereiro, para 85% em 1º de março.
A CNN entrou em contato com as secretarias da Saúde dos estados do Sul, de Rondônia e do Distrito Federal, que integram o topo da lista de piores quadros, com a solicitação do número de mortes na fila de internação.
De acordo com a secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul, houve sete mortes de pacientes que aguardavam transferência. As mortes por atrasos na remoção teriam ocorrido porque os enfermos estavam em estado grave e não havia recursos hospitalares disponíveis para tratá-los. Segundo a pasta, não foram registradas mortes na fila de espera.
O governo do Distrito Federal informou que não há, até o momento, registro de morte de paciente à espera de vaga em UTI. A secretaria da Saúde de Rondônia não respondeu ao pedido de informação feito pela reportagem
As autoridades do Paraná alegaram não possuir um levantamento sobre óbitos nas filas de espera do estado. A secretaria da Saúde de Santa Catarina também informou não ter o registro de mortes de pacientes à espera por leitos.
Confira a lista completa da ocupação dos leitos de internação nos estados:
Como a divulgação dos dados não é centralizada, cada estado divulga os números de ocupação de leitos de uma forma diferente.
Sul
Paraná
Ocupação de leitos UTI rede pública: 92% (adulto) | 41% (pediátrico) | Enfermaria: 72% (adulto) | 41% (pediátrico) – atualização em 2/03
Curitiba
Ocupação de leitos de UTI SUS Covid-19: 93% – atualização em 01/03
Santa Catarina
Ocupação de leitos UTI SUS: 95,4% (UTI adulto: 99,1% | UTI pediátrico: 63,1% | neonatal: 89,2%) – atualização em 01/03
Florianópolis
Florianópolis – ocupação de leitos UTI SUS: 89,47% (90,61% adulto | 75% pediátrico | 90,91% neonatal) – atualização em 01/03
Rio Grande do Sul
Rio Grande do Sul – Leitos UTI Adulto: 96.9% (Taxa Geral – SUS+Privados) | Leitos UTI SUS: 88.3% | Leitos UTI privados: 122.1% | Leitos Covid-19 Clínicos: 64.9% – atualização em 01/03
Porto Alegre
Porto Alegre – Ocupação de leitos de UTI na rede pública e privada: 98,62% – atualização em 01/03
Sudeste
São Paulo
São Paulo – Ocupação Leitos UTI: Estado: 74,3% | Grande SP: 75,5% | Ocupação Leitos Enfermaria: Estado: 55,6% | Grande SP: 62% – atualização em 01/03
São Paulo (capital)
Taxa de ocupação de UTI: 77% (Hospitais Municipais: 76% | Hospitais contratualizados: 92%) – atualização em 28/02
Rio de Janeiro
Ocupação UTI: 63% | Enfermaria: 42% – atualização em 01/03
Rio de Janeiro (capital)
UTI: 88% | Enfermaria: 64% – atualização 01/03
Minas Gerais
Ocupação UTI Covid SUS: 36,82% | Enfermaria Covid SUS: 11,94% – atualização em 01/03
*A taxa de ocupação geral de leitos de UTI SUS: 74,57% / Enfermaria SUS: 66,15%
Belo Horizonte (capital)
UTI Covid: 74,7% | Enfermaria Covid: 58,3% – atualização em 01/03
Espírito Santo
Ocupação leitos UTI Covid SUS: 75,65% | Enfermaria Covid: 67,18% – atualização em 01/03
Vitória e região metropolitana
UTI Covid SUS: 72,38% | Enfermaria Covid: 86,65%
Centro-Oeste*
*Não possui descrição da situação de todas as capitais
Distrito Federal
Distrito Federal – Ocupação de leito UTI COVID-19: 85% – atualização em 01/03
Mato Grosso do Sul
Ocupação Leitos públicos UTI adulto: 87% | Enfermaria público adulto: 39% | Privados UTI adulto: 81% | Privados enfermaria adulto: 65% – atualização em 01/03
Goiás
Ocupação UTI Covid SUS: 95,73% | Ocupação Enfermaria Covid: 83,83% – atualização em 01/03
Goiânia
UTI Covid SUS: 92,04% | Ocupação Enfermaria Covid: 98,64% – atualização em 01/03
Mato Grosso
Ocupação Leitos UTI SUS: 82,80% | Leitos Enfermaria: 28,02% | Leitos de UTI’s adultos contratualizados: 88,68% – atualização em 01/03
Nordeste*
*Não possui descrição da situação de todas as capitais
Bahia
Ocupação UTI adulto: 83% | UTI pediátrica: 67% | Enfermaria adulto: 64% | Enfermaria pediátrica: 75% – atualização em 1/03
Alagoas
Ocupação UTI (leitos públicos + contratualizados): 72% | UTI Intermediária: 33% | Leitos clínicos: 56% – atualização em 01/03
Rio Grande do Norte
Ocupação leitos de UTI para Covid-19 (públicos + privados): 91,89% / Leitos clínicos: 68,98% – atualização em 1/03
Ceará
UTI (público + contratualizados + privados): 90,52% (UTI adulto: 94,11%) | Enfermaria: 73,47% – atualização em 01/03
Pernambuco
Leitos de UTI público: 93% | Leitos de enfermaria públic: 78% | Leitos de UTI privados: 89% | Leitos de enfermaria privados: 48% – atualização em 01/03
Piauí
Ocupação leitos de UTI (rede pública + privada): 79,7% | Ocupação leitos clínicos: 64,4% | Ocupação leitos de estabilização: 20% | Leitos com respirador (UTI+estabilização): 66,7% – atualização em 01/03
Maranhão
Ocupação UTI São Luís exclusivo Covid SUS: 86,98% | Leitos clínicos exclusivo Covid SUS: 65,05% – atualização em 01/03
Paraíba
Leitos de UTI do estado: 69% – atualização em 01/03
Sergipe
Taxa ocupação UTI Adulto: 58,8% público | 91,3% privado | Ocupação enfermaria: 50,3% público | 107,1% privado – atualização em 01/03
Norte
Acre
Leitos UTI SUS: 91,5% | Leitos Clínicos SUS: 83,5% – atualização em 01/03
Tocantins
UTI SUS: 84% | Enfermaria SUS: 63% – atualização em 01/03
Rondônia
UTI adulto: 97,5% – atualização em 01/03
Dos 236 leitos, 230 estão ocupados. Portanto, a taxa de ocupação é de 97,5%
Roraima
UTI adulto SUS: 82% | Semi intensiva adulto: 100% | Clínicos adulto: 76% atualização em 28/02
Amazonas
Ocupação leitos Covid (público + privado): 83,5% | Enfermaria Covid: 63% – atualização em 01/03
Amapá
Leitos clínico adulto: 51,67% | Clínico pediátrico: 43,48% | Leitos de UTI para adultos 63,89% | Leitos de UTI pediátrica 25% – atualização em 25/02
Pará
UTI adulto SUS: 81,91% | Enfermaria: 58,24% – atualização em 01/03