Mulher que agrediu fiscal em aglomeração no Rio de Janeiro é demitida

Fonte: Pragmatismo Político

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Os bares e restaurantes reabriram no Rio de Janeiro, mas os cariocas ignoraram as condicionais para a volta da atividade e, mais ainda, as medidas de prevenção contra o novo coronavírus.

Além das aglomerações e a falta do uso de máscaras, fiscais que tentam separar as multidões têm sofrido ataques, humilhações e ameaças.

Em uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, um casal foi flagrado intimidando um agente da Vigilância Sanitária e diminuindo o seu posto.

“Não vai falar com seu chefe, não?”, questionou o homem. “A gente paga você, filho. O seu salário sai do meu bolso”, continuou a esposa dele. “Cadê sua trena? Quero saber como você mediu sem trena”, questionou o rapaz.

Intimidado, o fiscal responde: “Tá, cidadão”. E a mulher segue os insultos: “Cidadão, não. Engenheiro civil, formado. Melhor do que você”.

Denunciada por internautas, a mulher que apareceu nas imagens foi demitida da empresa onde trabalhava na manhã desta segunda-feira (6) por causa do episódio.

De acordo com a nota divulgada pela Taesa, empresa privada do setor de energia, onde ela trabalhava, o comportamento da funcionária não condiz com as normas da empresa.

“A TAESA tomou conhecimento do envolvimento de uma de suas empregadas em um caso de desrespeito às leis que visam reduzir o risco de contágio pelo novo coronavírus e compartilha a indignação da sociedade em relação a este lamentável episódio, sobretudo em um momento no qual o número de casos da doença segue em alta no Brasil e no mundo”, afirmou o comunicado.

Flávio Graça

Flávio Graça é o nome do fiscal que aparece sendo agredido pela cliente no vídeo. Ao contrário da mulher, que se gabou do marido que é “engenheiro civil formado”, Flávio não expôs o seu currículo durante a confusão.

Superintendente de Inovação, Pesquisa e Educação em Vigilância Sanitária, Fiscalização e Controle de Zoonoses da Prefeitura do Rio de Janeiro, Flávio é formado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e tem doutorado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Ele já atuou como coordenador de cursos de pós-graduação.

Flávio diz que as ofensas durante o trabalho não são incomuns e fazem parte do cotidiano de quem tenta fazer com que as regras que determinam o distanciamento social e limpeza dos estabelecimentos sejam cumpridas.

“As pessoas começaram a proferir palavras agressivas, xingamentos, palavras de baixo calão. Aí pegaram o celulares e colocaram apontando diretamente para o rosto dos fiscais, a cinco ou dez centímetros do rosto. Não era uma filmagem, era uma forma de agressão”, explicou Graça.

“Qualquer xingamento contra a minha pessoa, contra a minha família ou uma tentativa de diminuir não me atinge, em nenhum momento, a minha integridade. É tão pequeno que não havia a necessidade de retrucar”.

A cena que gerou repercussão aconteceu quando ele advertiu um homem que o agredia verbalmente. “Aí eu falei: ‘Então você se contenha, cidadão’. Na hora que eu falei cidadão, as pessoas ficaram ofendidas. Ali eles demonstraram uma ignorância. Porque cidadão é tudo o que a gente esperava que eles fossem e eles não eram”, ressaltou o superintendente.

Além do problema de aglomeração, os fiscais encontraram problemas relacionados a limpeza e venda de produtos fora da validade.

“Carnes fora da validade que estavam sendo vendidas. Aquelas pessoas que nos agrediram estavam consumindo carne vencida e pagando por isso”, finalizou Flávio Graça.

Reabertura

O tumulto nos estabelecimentos começou logo no primeiro dia de reabertura, na quinta-feira (02/07). Durante o dia, os quiosques na orla da praia e os famosos bares no centro da cidade ficaram vazios e sem movimentação. Porém, à noite, os lugares tiveram lotação máxima.

Após 100 dias fechados, regras foram impostas pelo governo do estado para a reabertura de restaurantes, lanchonetes e bares. Entre estas:

— Os locais só podem funcionar até as 23h;
— A lotação máxima deve ser de 50% do total do estabelecimento;
— Distanciamento mínimo de dois metros entre as mesas;
— Proibição de bufês de self-service;
— Proibição de música ao vivo;

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