Justiça Federal condena filhos de Maluf por lavagem de 10 milhões de dólares

Segundo processo, eles movimentaram dinheiro desviado de obra quando Maluf era prefeito de São Paulo

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Filho de Paulo Maluf, Flavio chegou a ficar 40 dias preso em 2005, acusado de tentar influenciar uma testemunha Foto: Edilson Lopes / Diário de São Paulo / Agência O Globo (10/09/2005)
Filho de Paulo Maluf, Flavio chegou a ficar 40 dias preso em 2005, acusado de tentar influenciar uma testemunha Foto: Edilson Lopes / Diário de São Paulo / Agência O Globo (10/09/2005)
Alessandro Giannini e Tiago Dantas | O Globo

A Justiça Federal condenou três filhos do ex-deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) à prisão por lavagem de dinheiro. Segundo a decisão, eles movimentaram no exterior, entre 1997 e 2003, US$ 10 milhões que teriam sido desviados da prefeitura de São Paulodurante a gestão de Maluf (1993 a 1997).

De acordo com a sentença, o empresário Flávio Maluf terá que cumprir oito anos de prisão em regime fechado. As irmãs dele, Ligia Maluf Curi e Lina Maluf Alves da Silva, foram condenadas a quatro anos de reclusão em regime semiaberto. Como a decisão é da primeira instância, todos podem recorrer em liberdade.

Segundo o esquema descrito na sentença da juíza Silvia Maria Rocha, da 2ª Vara Federal Criminal de São Paulo, Maluf mandou para o exterior dinheiro desviado da construção da Avenida Água Espraiada, atual Avenida Jornalista Roberto Marinho, na Zona SUl da capital paulista.

A cargo das empreiteiras Mendes Júnior e OAS, a obra custou cerca de R$ 796 milhões, valor acima do orçado inicialmente. Parte do dinheiro foi movimentado pelos três filhos do ex-deputado e chegou a uma conta no Banco Safra National Bank, em Nova Iorque, nos Estados Unidos.


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De lá, os valores seguiram para sete fundos de investimento das Ilhas Jersey, paraíso fiscal localizado no Canal da Mancha.

O processo chegou à Justiça em 2006, quando o Ministério Público Federal (MPF) ofereceu denúncia contra 11 réus, incluindo Paulo Maluf. Como no decorrer do processo ele se elegeu para três mandatos consecutivos na Câmara dos Deputados, a partir de 2007, sua participação nesta investigação foi julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Em maio de 2017, a Corte condenou Maluf a 7 anos e 9 meses de prisão por lavagem de dinheiro. Depois de passar cerca de um ano e meio preso na Papuda, no Distrito Federal, o Supremo autorizou que o ex-deputado cumprisse o resto da pena em prisão domiciliar devido a seu estado de saúde.



Outros réus estão sendo julgados em outros processos ou tiveram seus processos declarados extintos.

Flavio Maluf chegou a ficar 40 dias preso junto com seu pai em 2005. Na época, eles foram acusados de tentar influenciar o depoimento de um doleiro acusado de movimentar dinheiro para a família no exterior.

O GLOBO procurou a defesa dos filhos de Maluf, mas não teve retorno.


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