Entenda quais são os riscos de pegar Covid-19 em um bar lotado

Fonte: Agora RN

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Restaurantes, bares e salões de beleza tiveram autorização para reabrir a partir desta segunda-feira (6) na cidade de São Paulo. A permissão foi dada mediante a assinatura de protocolos que estabelecem uma série de regraspara o funcionamento desses estabelecimentos.

Dentre elas, está o expediente máximo de 6 horas diárias com 40% da capacidade total. O uso de máscara e o fornecimento de álcool em gel é obrigatório para clientes e trabalhadores. Além disso, não é permitido atender grupos de mais de seis pessoas e deve haver um espaçamento de 2 metros entre as mesas.

Entretanto, se essas regras não forem cumpridas, como aconteceu no Rio de Janeiro, onde houve flagras de bares lotados e pessoas sem máscara, o risco de transmissão do novo coronavírus é alto, explica a infectologista da Unicamp e consultora da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) Raquel Stucchi.

“Todo ambiente aglomerado e mal ventilado com certeza facilita a transmissão [do vírus], e isso é o que normalmente a gente tem em bares”, analisa.

Aspectos que aumentam risco de contágio

De acordo com ela, se fosse feita uma escala para medir o risco de transmissão do novo coronavírus em diferentes lugares, a casa estaria posicionada na porcentagem nula e os estádios de futebol em 100%.

Já bares e restaurantes ficariam num patamar entre 60% a 70%, sendo que a tendência é esse percentual subir. Contudo, Stucchi afirma que em todos os lugares a possibilidade de contágio depende de três aspectos básicos: número de pessoas presentes, tempo de permanência no local e existência ou ausência de ventilação.

“Num ambiente aberto, o risco é de baixo para médio, conforme o tempo que você fica ali e o distanciamento das pessoas”, pondera.

A especialista destaca que, de acordo com os protocolos do Ministério da Saúde e do Governo de São Paulo para a reabertura da economia, a chance de infecção pelo vírus começa a aumentar após 15 minutos de permanência no estabelecimento.

Gotículas suspensas no ar

Em entrevista ao R7, o infectologista Jean Gorinchteyn, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, destacou que ainda não se sabe se o novo coronavírus pode ser transmitido por meio de aérossois – pequenas partículas líquidas contaminadas que ficam suspensas no ar após serem expelidas durante a tosse ou espirro, por exemplo. Entretanto, a orientação é se prevenir.

“Se acredita que [os aeróssois] podem ficar de 30 minutos a 3 horas no ambiente. Por isso, coma, beba e vá embora“, recomendou.

Stucchi concorda com Gorinchteyn: “Ainda não existe uma confirmação científica de que aerossóis são importantes na transmissão de pessoa para pessoa. Mas ela pode acontecer”, observa.

Não compartilhe utensílios

A infectologista é categórica ao afirmar que o risco de contaminação por meio de alimentos “é desprezível”. Por outro lado, ela chama a atenção para o perigo de compartilhar copos e talheres.

“O vírus se espalha por gotículas. Ele está ali na saliva e, enquanto estou com meu talher ou xícara, há uma quantidade de vírus que vai estar ali por um certo tempo. Em alguns [materiais] ele pode permanecer por mais de 12 horas”, observa.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), estudos mostram que o vírus da covid-19 pode sobreviver por até 72 horas em plástico e aço inoxidável, menos de 4 horas em cobre e menos de 24 horas em papelão.

Na opinião de Stucchi, apesar da flexibilização adotada em diferentes municípios e regiões, a regra geral para conter a pandemia de covid-19 deve continuar a mesma: ficar em casa.

A médica enfatiza que o distanciamento social, o uso correto de máscara e a higienização das mãos são medidas essenciais de prevenção.

“Nesse momento em que cada gestor público estabelece regras diferentes para a reabertura e, muitas vezes, essas normas não são amparadas na ciência, cada um de nós é responsável por diminuir o número de casos e mortes”, conclui.

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