O analfabetismo atinge 372 mil pessoas no Rio Grande do Norte. Deste total, 188 mil estão dentro da população acima dos 15 anos em 2019, o que representa 13,4% desta parcela populacional. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), divulgada nesta quarta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de jovens e adultos potiguares que não sabem ler ou escrever é o dobro da média nacional, que foi de 6,6% no ano passado.
De acordo com o levantamento, o analfabetismo acima dos 15 anos ficou 0,5% pontos percentuais acima de 2018, quando a taxa foi de 12,9%. Em contrapartida, a taxa de pessoas acima de 60 anos que sabem ler ou escrever apresenta queda no Rio Grande do Norte. Segundo a PNAD, a taxa foi de 33,1% no ano passado, contra os 34,8% de 2018.
Segundo os dados do IBGE, quase seis em cada dez analfabetos no País são moradores da região Nordeste, onde houve ligeira piora no analfabetismo em relação ao ano anterior, contrariando a tendência das outras regiões. A taxa de analfabetismo do Nordeste é mais do que o dobro da nacional: 13,9%, com 6,2 milhões de pessoas nessa condição. Na região Sul, é de apenas 3,30%.
O Brasil já está quatro anos atrasado em relação ao cumprimento da meta do Plano Nacional de Educação (PNE) de reduzir a taxa de analfabetismo a 6,5% em 2015. O PNE também prevê a erradicação do analfabetismo até 2024.
Segundo o IBGE, o analfabetismo vem diminuindo gradualmente no total do País, mas por uma questão demográfica, e não pela escolarização. “O efeito dessa queda é muito mais demográfico do que por introduzir a educação para esse grupo de 60 anos ou mais”, lamentou Marina Aguas, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
O analfabetismo é até três vezes maior entre os idosos do que entre os jovens. Na faixa etária a partir de 60 anos, a taxa de analfabetismo no País foi de 18% em 2019. Entre os idosos pretos ou pardos, o analfabetismo é de 27,1%.
Quanto às diferenças regionais, a taxa de analfabetismo entre idosos alcança 37,2% no Nordeste e 25,5% no Norte. Por outro lado, no Sul e Sudeste, o analfabetismo na terceira idade está abaixo dos 10%.
Os dados sobre a escolarização da população brasileira vêm melhorando, mas ainda mostram uma forte desigualdade, especialmente a partir da adolescência, quando parte expressiva dos jovens ainda interrompe os estudos. O País tem 10,1 milhões de jovens de 14 a 29 anos que não frequentam a escola nem concluíram o ensino médio, sendo que 7,2 milhões deles são pretos ou pardos.
As informações da pesquisa mostram que o abandono escolar se agrava a partir dos 15 anos. Metade dos rapazes que abandonaram a escola alega que precisavam trabalhar. Entre as mulheres, quase um quarto delas (23,8%) deixaram os estudos porque ficaram grávidas.
Apenas 41,8% dos adultos pretos ou pardos acima de 25 anos tinham concluído o ensino básico obrigatório em 2019, contra uma fatia de 57% da população branca na mesma faixa etária
“Os motivos da evasão, do abandono, são diferentes. O que chamou mais atenção foi a diferença entre homens e mulheres. A questão do trabalho para os homens pesa muito mais. É óbvio, se olhar a realidade heterogênea do Brasil, a gente sabe que muita gente tem de trabalhar cedo porque precisa prover dinheiro para dentro de casa, para alimentação, para o sustento. Mas impressiona como a questão da gravidez entre as mulheres faz com que haja uma ruptura da questão escolar. Isso chamou a atenção. Óbvio que o trabalho é importante, mas, para as mulheres, a questão da gravidez foi também decisiva”, disse Marina Aguas, analista do IBGE.