Pesquisas da UFRN mostram que falta de políticas públicas é principal fator de emigração no semiárido nordestino

Segundo os pesquisadores, a seca, apesar de sempre ser relacionada como o motivo central dessa emigração, não aparece como razão preponderante.

Por G1 RN

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Segundo pesquisadores da UFRN, a seca, apesar de sempre ser relacionada como o motivo central dessa emigração, não aparece como razão preponderante — Foto: Cícero Oliveira/UFRN
Segundo pesquisadores da UFRN, a seca, apesar de sempre ser relacionada como o motivo central dessa emigração, não aparece como razão preponderante — Foto: Cícero Oliveira/UFRN

Pesquisa desenvolvidas na Universidade Federal do Rio Grande do Norte mostra que a junção de fatores econômicos e falta de políticas públicas é principal causa para emigração no semiárido nordestino. Segundo os pesquisadores, a seca, apesar de sempre ser relacionada como o motivo central dessa emigração, não aparece como razão preponderante.

A informação é resultado de uma reunião de estudos que vêm sendo desenvolvidos no Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN. O professor Ricardo Ojima, coordenador desse conjunto de pesquisas, explica que o levantamento foi feito com base em dados de cinco estados: Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Ceará e Paraíba. O perfil perpassa por toda essa localidade.

“São mais de 750 municípios que estão incluídos na área pesquisada, o semiárido nordestino Norte”, acrescenta Ojima. A região foi escolhida por apresentar clima muito seco e encontrar diferentes políticas estaduais, desassociadas de uma federação para a outra.

De acordo com o professor, por outro lado programas como o Bolsa Família, Aposentadoria Rural e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), além da interiorização do ensino superior, são fatores que contribuem para a fixação dessa população em seus lugares de origem.

A pesquisa indica também que, com o benefício de aposentadoria ou pensão, há também um maior envolvimento de aposentados e pensionistas na chamada migração de retorno, pois este grupo conquistaria uma independência financeira aliada à desobrigação do trabalho, e pode decidir por retornar, ou não à sua cidade de origem.

O Rio Grande do Norte, por exemplo, tem cerca de 30% de seus imigrantes como retornados, de acordo com uma análise dos dados sobre migração do Censo Demográfico 2010, que utilizou um modelo de regressão logística para avaliar, entre outros dados, o impacto da seguridade social no retorno migratório.

Nascimentos

A análise dos resultados das pesquisas desenvolvidas no Departamento também desmistifica outra afirmação, a de que os programas de transferência de renda poderiam impactar no aumento do número de nascimentos na região. Na realidade, segundo mostram os indicadores, o semiárido norte foi o que apresentou maiores quedas no número médio de filhos por mulher nos últimos anos.

“Um dos pontos do nosso projeto é tentar desconstruir e entender com mais detalhes a dinâmica da população nordestina, particularmente, sobre a migração e a mobilidade, pois a problemática ambiental urbana costuma dar atenção aos centros metropolitanos, deixando às regiões de emigração tradicionais no Brasil o estigma de áreas rurais estagnadas”, afirma Ojima.

Neste mês de setembro, Ricardo Ojima vai apresentar os resultados da pesquisa no II Congresso da Associação de Brasilianistas na Europa (ABRE), que acontece em Paris entre os dias 18 e 21. Além disso, o docente ainda participa de reuniões de projetos que vêm sendo desenvolvidos com o Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD/França) para estudos sobre a dinâmica demográfica na região do semiárido nordestino.

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