O ex-BBB e doutorando em economia Gilberto Nogueira falou, neste sábado (15), sobre o ataque homofóbico que recebeu de um conselheiro do Sport Club do Recife. Pelas redes sociais, Gil já havia dito que “machuca muito” esse tipo de agressão.
“Inicialmente, doeu muito, eu fiquei muito abalado. Só que, depois, eu pensei: ‘gente, é uma pessoa só’. Eu tenho, na verdade, assim, pena dele. Pena por ele não ter aprendido, não ter absorvido tanto tempo e oportunidades de que preconceito não leva a nada. Então, eu tenho pena dele, é isso que eu sinto”, disse Gil (veja vídeo acima).
Após serem vazados, os áudios de Flávio Koury em um grupo no WhatsApp viralizaram, na sexta-feira (14), e provocaram revolta nas redes sociais. Nas mensagens, ele reclamou da ampla repercussão do vídeo da dança do ex-BBB dentro do estádio do Sport.
O vídeo criticado foi gravado no gramado da Ilha do Retiro, estádio de futebol do clube, e mostra Gil dançando o “tchaki tchaki”, coreografia que virou a marca registrada do ex-BBB no programa, no dia em que o economista foi homenageado pelo Sport.
“1,2 milhões de visualizações. Arretado. 1,2 milhões de pessoas achando que o Sport só tem viado, só tem puto, só tem galinha, só tem bicha. É bom, muito bom, um marketing arretado. Vai vender a camisa, rapaz. A viadagem todinha vai comprar, vai ser lindo”, disse Flávio Koury, na gravação. Ao Globo Esporte, Koury negou homofobia e disse que apenas se posicionou contra a dança no gramado.
A declaração foi repudiada neste sábado (15). “O Sport Club do Recife e todo seu Conselho Deliberativo repudia qualquer ato de homofobia, de desrespeito a quem quer que seja”, afirmou o presidente do Conselho Deliberativo do Sport, Pedro Lacerda.
O caso aconteceu às vésperas do Dia Internacional Contra a Homofobia, que é celebrado na segunda-feira (17). A hashtag #GilMereceRespeito figurou entre os assuntos mais comentados do Twitter, com publicações pedindo a exclusão de Koury do Conselho do Sport.
Gil agradeceu o apoio recebido de jogadores do Sport, fãs e outras pessoas através das redes sociais. “Eu fico muito grato e honrado de ver tantas pessoas, torcedores, pessoas incríveis que me apoiaram. O que vale é focar no que é bom, não é ruim. Eu sou do Sport e, quem não gostar, que lute. Não sou obrigado a nada”, declarou o ex-BBB.
Vazamento
Responsável por vazar os áudios de Koury, o deputado estadual, e também conselheiro do Sport, Romero Albuquerque protocolou um pedido para que Flávio Koury seja expulso do quadro social do clube.
Além desse ataque, Albuquerque divulgou, neste sábado (15), um áudio que seria de outro conselheiro, Renan Valeriano, que manifestou no mesmo grupo apoio a Koury. O G1 tentou contato com Renan Valeriano, mas não conseguiu.
“Também sou conselheiro do Sport, compactuo com o que foi falado pelo doutor Flávio e não concordo com a veiculação da nossa marca da nossa imagem por esse cidadão que não tem nenhum serviço prestado ao Sport, pelo contrário, ele empobrece e envergonha a marca Sport Club do Recife. Reitero todas as palavras do doutor Flávio”, disse no áudio.
Nota OAB
Em nota publicada no site oficial na sexta-feira (14), a seccional Pernambuco da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) declarou que “defende os princípios da pluralidade, da liberdade e, acima de tudo, do respeito como pilares na construção de uma sociedade justa e fraterna”.
Ainda no texto, afirmou que “qualquer comportamento ou atitude que levantem a discriminação, de qualquer natureza, devem ser combatidos e repudiados”.
A OAB também disse que este caso envolvendo o conselheiro do Sport e o ex-BBB “é, lamentavelmente, mais um capítulo da cultura de violência contra a comunidade LGBTI+” e “é, ainda, prova da necessidade de perseverar no enfrentamento a toda forma de preconceito”.
No comunicado, a OAB-PE declarou que “se solidariza com os atingidos pelo episódio e informa que irá apurar a conduta do advogado inscrito em seus quadros”, referindo-se ao conselheiro Flávio Koury.