O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que o sistema de saúde do Brasil deve entrar em colapso no mês de abril, e os casos de coronavírus devem crescer até junho, com desaceleração entre agosto e setembro. A declaração ocorreu durante reunião com empresários, nesta sexta-feira 20, junto ao presidente Jair Bolsonaro.
Na ocasião, Mandetta explicou o percurso do vírus no país e utilizou parâmetros vistos na China, primeiro país com focos da doença no mundo.
“O vírus faz uma espiral, faz uma curva de 90 graus, quando ele pega ar e sobe. Nós ainda não estamos nela. São Paulo está fazendo o início do seu redemoinho. A gente imagina que ela vai pegar a velocidade e subir na próxima semana a dez dias. A gente deve entrar em abril e iniciar a subida rápida”, afirmou.
Segundo o ministro, a ascensão da doença deve durar nos próximos três meses. A tendência de redução será vista apenas em agosto, e a “queda profunda”, somente em setembro.
“Essa subida rápida vai durar o mês de abril, o mês de maio e o mês de junho, quando ela vai começar a ter uma tendência de desaceleração de subida. No mês de julho, ela deve começar o platô. Em agosto, esse platô vai começar a mostrar tendência de queda. E aí a queda, em setembro, é uma queda profunda, tal qual foi a queda de março da China. Esse é o cenário que o mundo ocidental está trabalhando”, afirmou.
Ele avalia que ainda há possibilidade de ganhar tempo, mas o sistema de saúde deve entrar em colapso já em abril. O Ministério está tomando medidas de antecipação, como o serviço de telemedicina e o estímulo à produção de insumos hospitalares em empresas privadas.
“Claramente, no final de abril, o nosso sistema entra em colapso. O que é um colapso? Às vezes, as pessoas confundem colapso com sistemas caóticos, sistemas críticos, onde você vê aquelas cenas de pessoas nas macas. Colapso é quando você pode ter o dinheiro, pode ter o plano de saúde, a ordem judicial, mas simplesmente não há um sistema para você entrar. É o que está vivenciando a Itália, um dos países do primeiro mundo, atualmente”, disse.
Na mesma coletiva, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que está dialogando com secretários de estados para definir o fechamento das divisas dos estados, após críticas do ministro da Saúde à descentralização das decisões sobre a imposição de barreiras. Na quinta-feira 19, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), anunciou que decretará o bloqueio do trânsito interestadual.
Segundo Mandetta, o fechamento das vias de transporte, como aeroportos e rodovias, por determinação dos governadores, pode “virar bagunça”. Ele afirmou que um dos efeitos do fechamento de estradas foi na produção de oxigênio. Por sua vez, Bolsonaro defendeu que o Brasil deve continuar se movimentando para a economia não estagnar. No dia anterior, ele já havia chamado a medida de “remédio em excesso”.
“Em grande parte, a Constituição garante a nós essa responsabilidade. Então, estamos acertando para que um estado não aja diferente dos outros e que não bote em colapso o setor produtivo”, declarou. “O Brasil precisa continuar se movimentando, mexendo com sua economia, se não a catástrofe se aproximará de verdade. Como estadista, tenho falado que não podemos entrar em pânico.”