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Trump cruza a fronteira e se torna o primeiro presidente americano a pisar na Coreia do Norte

O Globo, New York Times e agências internacionais 

Donald Trump se tornou o primeiro presidente americano a pisar naCoreiadoNorte . Na manhã deste domingo, Trump cruzou a fronteira entre as duas Coreiasdurante seu terceiro encontro com o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, na Zona Desmilitarizada, área que divide a Península Coreana. Após o encontro, o presidente americano disse que ele e Kim concordaram em dar prosseguimento às negociações sobre o programa nuclear norte-coreano.

Trump se encontrou com Kim na linha que divide o território das duas Coreias e deu 20 passos até a base de um prédio do lado norte-coreano, onde ficou por cerca de um minuto. Em seguida, os líderes voltaram para a parte sul-coreana, onde se reuniram por cerca de uma hora.

— Cruzar essa linha foi uma grande honra. Muitos progressos já foram realizados, muitas amizades foram feitas e essa tem sido, em particular, uma amizade muito boa — disse Trump, que aproveitou a oportunidade para convidar King Jong-un para uma visita aos Estados Unidos quando “for a hora certa”.

Kim, que por sua vez afirmou que seria uma honra receber o presidente americano em Pyongyang, comentou:

— Isso tem uma grande relevância porque significa que nós queremos dar um fim ao passado desagradável e tentar criar um novo futuro, então é um ato muito corajoso e determinado.

Momento em que Donald Trump cruza a fronteira entre as Coreias Foto: KEVIN LAMARQUE / REUTERS

Logo após a reunião, Trump disse que ele e Kim “não têm pressa” e que o principal objetivo é acertar nas negociações para a desnuclearização da Coreia do Norte, interrompidas em fevereiro após impasses. O líder americano confirmou que as sanções serão mantidas, mas que Washington poderá estar disposta a aliviá-las caso os norte-coreanos derem sinais claros para a desnuclearização.

— Nós vamos ter equipes que vão se encontrar nas próximas semanas. Elas vão começar um processo e nós vamos ver o que vai acontecer — disse Trump.

A iniciativa do encontro aparentemente partiu de Trump , que tuitou no sábado um convite pouco ortodoxo para Kim enquanto estava em Osaka, no Japão, durante a cúpula do G-20:

“Após várias reuniões muito importantes, incluindo meu encontro com o presidente Xi, da China, deixarei o Japão rumo a Coreia do Sul (com o presidente Moon). Enquanto estiver lá, se o presidente Kim da Coreia do Norte ver isto, eu o encontraria na fronteira/DMZ apenas para apertar sua mão e dizer ‘Olá’.”

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Trump afirmou que Kim “segue” sua conta no Twitter e que a solicitação foi “rapidamente” respondida pelos norte-coreanos. O presidente americano já tinha uma ida agendada à DMZ durante sua breve passagem pela Coreia do Sul, mas a visita ao lado do Norte foi organizada nas últimas 24 horas.

A DMZ é uma zona-tampão de quatro quilômetros de largura e 241 quilômetros de extensão, que divide a Península Coreana desde 1953, quando foi assinado um acordo de cessar-fogo na Guerra da Coreia, dividindo a região.

Oportunidades fotográficas

Críticos, contudo, veem as iniciativas de Trump comos simples oportunidades fotográficas de um presidente que, no início de seu mandato, disse que atacaria a Coreia do Norte com “fogo e fúria” caso o país ameçasse os EUA. Segundo especialistas, desde que o início das conversas, não houve nenhum progresso claro para a desnuclearização da Coreia do Norte.

— Essa é uma diplomacia de reality show: Trump agora aceita que esses encontros não têm como objetivo uma desnuclearização, mas sim um bom relacionamento com Kim Jong-un. — disse Van Jackson, ex-funcionário do Pentágono, ao Financial Times.

Donald Trump e Kim Jong-un se encontraram pela primeira vez em junho de 2018, em Cingapura — algo inédito para um presidente americano e um líder norte-coreano. As reuniões resultaram em vagas promessas para um acordo sobre o programa atômico da Coreia do Norte. Em fevereiro, contudo, uma cúpula bastante esperada entre os dois países, no Vietnã, acabou sem acordo e antes do previsto , indicando um fracasso das negociações.

Segundo os EUA, as conversas chegaram a um impasse quando os norte-coreanos exigiram a suspensão de todas as sanções em troca de uma desnuclearização parcial, sem abrir mão das armas nucleares. O governo de Pyongyang não confirma essa versão, e diz que pediu a suspensão de apenas algumas medidas, oferecendo em troca o fechamento, em definitivo , do centro de pesquisa de Yongbyon, considerado o “coração” do programa atômico norte-coreano.

Em maio, a Coreia do Norte voltou a realizar testes de mísseis de curto alcance, algo que não acontecia desde o primeiro encontro entre os chefes de Estado e que foi entendido como uma tentativa de pressionar Trump. Nas últimas semanas, contudo, Kim trocou cartas com Trump e se encontrou separadamente com o presidente chinês Xi Jinping e o líder russo Vladimir Putin, demonstrando interesse em novas negociações.

Papa elogia encontro

Em seu discurso semanal na Praça de São Pedro, no Vaticano, o Papa Francisco elogiou o encontro entre os líderes americano e norte-coreano:

— Nas últimas horas vimos na Coreia um bom exemplo da cultura do encontro. Saúdo os protagonistas, com a oração de que um gesto tão significativo seja mais um passo no caminho para a paz, não apenas naquela península, mas para o bem do mundo inteiro  —  disse o Pontífice.

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