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Sobrevivente de desabamento em Fortaleza envia selfie sob escombros

O estudante David Sampaio, em foto enviada por ele mesmo após o desabamento do Edifício Andréa, em Fortaleza

O estudante David Sampaio, em foto enviada por ele mesmo após o desabamento do Edifício Andréa, em Fortaleza

David Sampaio, 20, enviou uma selfie sorrindo aos familiares para tranquilizá-los enquanto estava preso sob os escombros do prédio que desabou em Fortaleza nesta terça-feira (15).

A imagem foi reproduzida em um grupo de WhatsApp da família do jovem, que é estudante de arquitetura. David foi a oitava pessoa resgatada com vida dos escombros do Edifício Andréa.

O primo Albertine Felipe recebeu uma mensagem de David Sampaio pelo WhatsApp, enquanto o estudante estava soterrado.

“Vi a notícia do desabamento e percebi que poderia ter sido o prédio dele, porque achei parecido. Depois olhei o Google Maps pra ver se era mesmo o prédio. Logo depois ele entrou em contato com a gente pelo WhatsApp”, relata o primo.

“David foi logo falando que estava bem e que só tinha sofrido arranhões pelo corpo”, continua o primo. O estudante de arquitetura morava no primeiro andar e foi levado a um hospital particular de Fortaleza.

Véspera do desabamento

Um vídeo feito um dia antes do desabamento do Edifício Andréa mostra a situação precária das colunas de sustentação do condomínio. Em um grupo de WhatsApp, moradores relataram preocupação com uma reforma realizada no residencial.

O aposentado Edilânio Martins afirmou que ouviu de um amigo morador que o condomínio estava em obras, executada irregularmente. “Tem um amigo meu que mora no prédio, o Paulão, não sei se ele estava lá, mas tem gente dentro. Ele tá em reforma, o rapaz disse que mexeram errado na coluna”, disse.

Motivo da queda

Autoridades afirmam que é cedo para apontar culpados pela tragédia, mas o engenheiro calculista Rabelo Fernandes disse ter visto um vídeo sobre a estrutura do prédio.

As imagens teriam sido feitas por outros engenheiros, que haviam visitado o edifício. Segundo ele, os pilares estavam totalmente comprometidos, com grau de oxidação muito alto.

“O pilar ficou frágil. Pelo vídeo, você vê que as armaduras do pilar, que são os ferros, as armaduras transversais e longitudinais estavam totalmente corroídas. O desabamento era uma questão de tempo. Como aconteceu”, disse Fernandes.

“Pelo modo como aconteceu o desabamento, foi totalmente por questão dos pilares. Ele enfraqueceu, veio abaixo. A fundação do prédio está intacta. Só foram os pilares que ruíram, de acordo com o vídeo que acabei de receber. Deveria ter sido feito um reforço estrutural”, acrescentou.

De acordo com o último boletim divulgado pelo Corpo de Bombeiros na tarde desta terça-feira, 9 pessoas foram resgatadas com vida e 10 permanecem desaparecidas. Uma morte foi confirmada.

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