Secretário de Cultura deixa cargo após censura de Bolsonaro a produções LGBT

"Isso [o edital que foi suspenso] é uma gota d'água, porque vem acontecendo... E tenho sido uma voz dissonante interna. Eu tenho o maior respeito pelo presidente da República, tenho o maior respeito pelo ministro, mas eu não vou chancelar a censura", disse Pires que condenou a decisão do presidente

Revista Forum

0
525
Foto: Clara Angeleas/SEC

Henrique Pires, secretário especial de Cultura (SEC) do governo de Jair Bolsonaro, divulgou nesta quarta (21) sua demissão do cargo após o anúncio feito pelo ministro da Cidadania, Osmar Terra, de que está suspenso o edital que previa a produção de séries com temáticas LGBT na TV Pública. Pires considerou a decisão, tomada a pedido de Bolsonaro, como censura e disse que não podia mais continuar no governo.

“Isso [o edital que foi suspenso] é uma gota d’água, porque vem acontecendo… E tenho sido uma voz dissonante interna. Eu tenho o maior respeito pelo presidente da República, tenho o maior respeito pelo ministro, mas eu não vou chancelar a censura”, disse Pires ao G1.

Pires considerou ainda que a decisão é uma afronta à Constituição. “Eu não concordo com a colocação de filtros em qualquer tipo de atividade cultural. Não concordo como cidadão, e não concordo como agente público, você tem que respeitar a Constituição”, afirmou.

O agora ex-secretário foi nomeado no início do ano pelo ministro Osmar Terra para ocupar o posto, que correspondia ao setor cultural do Ministério da Cidadania – criado a partir da fusão do Ministério da Cultura, do Desenvolvimento Social (MDS) e do Esporte. Pires atuou como chefe de gabinete do extinto MDS enquanto Terra era titular da pasta na gestão de Michel Temer.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu comentário!
Por favor entre com seu nome aqui