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Rio Grande do Norte atinge 79% de vacinados com duas doses contra a covid-19

Sexta-feira, 12 de Março de 2021/ Natal/Coletiva de Imprensa com Lais, sobre a importância para combater a pandemia/ Ricardo Valentim, diretor executivo do LAIS Repórter Mariana Ceci Foto.Magnus Nascimento

O Rio Grande do Norte começou o mês de março com 91% da população vacinada com pelo menos uma dose contra covid-19 e 79% dos potiguares imunizados com as duas doses da vacina anticovid, o que confere ao estado uma situação de controle da crise do coronavírus, segundo especialistas. A preocupação, no entanto, segue sendo a quantidade de pessoas que não completaram o esquema vacinal ou que não recebera nenhuma dose do imunizante. De acordo com o Laboratório de Inovação e Tecnologia em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS/UFRN), o Estado tem 935 mil pessoas que estão com doses em atraso.

Para o coordenador do LAIS, Ricardo Valentim, o percentual demonstra a boa adesão do potiguar. “Noventa e um por cento está acima da expectativa. Isso nos confere uma segurança maior, um controle maior da pandemia. O que o Estado precisar focar agora é acelerar a vacinação com a D2. É preciso colocar como meta chegar a 85% da população com as duas doses. Esse é o índice de países que têm controlado a pandemia. O Estado deve também focar em atingir 50% da população com a D3 agora em março. São índices importantes para que a gente chegue em abril, maio, sem problema de repiques de novos casos”, explica.

Somando os atrasados da segunda dose (D2) e da dose de reforço (D3), o Estado registra quase um milhão de pessoas que não voltaram para colocar a imunização contra a covid em dia. Dados do LAIS mostram que 201 mil potiguares não voltaram aos postos de imunização para receber a D2, enquanto que 734 mil estão com a D3 atrasada. O grupo de 18 a 29 anos é o que mais está com a D2 em atraso, com 60 mil pessoas. Já em relação a D3, o grupo mais atrasado é o da faixa etária entre 40 a 49 anos, com 184 mil potiguares.

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap) reforça o alerta. “Cada vez mais a campanha de imunização avança e é importante ir alcançando esses patamares de imunização. Porém, não podemos perder de vista a necessidade de tomar a segunda dose. A vacinação é uma estratégia de proteção coletiva, precisa que todos façam sua parte”, ressalta o secretário de Estado da Saúde Pública, Cipriano Maia.

Entre os adolescentes, de 12 a 17 anos, público estimado em 318 mil pessoas, 86% (275 mil) já recebeu pelo menos uma dose e 64% (206 mil) completou o esquema com duas doses do imunizante. Em atraso estão 44,4 mil jovens. Já no público infantil, de 5 a 11 anos, que teve a campanha iniciada em janeiro deste ano, a adesão é de 46% (155 mil) com uma dose. Ao todo, 355 crianças estão aptas a serem imunizados no Estado. No geral, 36% da população recebeu a dose de reforço. Os dados são da plataforma de monitoramento RN Mais Vacina, administrada por Sesap e LAIS.

Valentim destaca ainda a redução nos dados epidemiológicos como um fator positivo no controle da crise sanitária. “O pico da terceira onda que a gente pode chamar de ‘pico da variante ômicron’ foi no dia 26 de janeiro. De lá para cá, já faz mais de 30 dias que nós estamos em redução”, pontua. Entre a primeira e a segunda metade de fevereiro, o Estado teve uma redução de 47% no número de novos casos e 34% nos óbitos, de acordo com os boletins epidemiológicos da Sesap.

Entre os dias 1º e 14 de fevereiro passado foram contabilizados 31.943 novos diagnósticos de covid e 209 mortes pela doença, enquanto que entre os dias 15 e 28 do mesmo mês, os casos somaram 19.863 e 136 mortes. Apesar de elevados pela variante ômicron, o coordenador do LAIS explica que os dados estão seguindo uma tendência de queda. “O Rio Grande do Norte já registra hoje uma queda considerável no número de casos. O pico da terceira onda foi no dia 26 de janeiro e o pico de solicitações para internar novos pacientes foi no dia 28 de janeiro, ou seja, dois dias depois”, comenta.

Em 28 de janeiro, 96 novos leitos covid foram solicitados por pacientes na rede pública. De lá para cá, o índice teve sucessivas quedas, até chegar a 7 solicitações na terça-feira (1º), o que corresponde a uma redução de 92,7%. Na manhã de ontem (2), duas novas solicitações haviam sido registradas na plataforma Regula RN, mantida pela Sesap. Ainda segundo a Secretaria de Saúde, o Rio Grande do Norte não registrou mortes por covid por 72 horas, período entre o domingo (27) e a quarta-feira (2). Ao todo, Estado soma 8.054 óbitos em decorrência da covid, com outros 1.558 em investigação. O último boletim da Sesap, divulgado ontem (2), mostra também que 51 se contaminaram nas últimas 24 horas, números bem diferentes dos contabilizados há pouco mais de um mês quando o Estado registrou 2.304 novas infecções em um dia. No total, o RN tem 477.954 casos confirmados de covid-19.

Ocupação de leitos cai no RN

Na manhã desta quarta-feira (2), a ocupação de leitos críticos estava em 31,4% e a fila por vagas estava zerada tanto para leitos críticos quanto clínicos no Rio Grande do Norte. Essa é a menor média móvel de solicitações por leitos covid desde o dia 5 de maio de 2020. Em maio do ano retrasado, no início da pandemia, o portal Regula RN apontava média de 10 solicitações diárias por leitos relacionados à covid. Com os dados consolidados até a terça-feira (1º), o Rio Grande do Norte fechou a média de 11 solicitações de leitos diários.

Com a redução na solicitação por leitos, as UTIs Covid estão em situação mais confortável em todo o estado. Somente nos leitos públicos, há 108 livres e outros 169 leitos clínicos vagos à disposição da população. A ocupação dos leitos críticos está em 31,4% no estado, com 20% no Seridó, 26,8% no Oeste e 35,6% na Região Metropolitana.

Vacina brasileira estará disponível em 9 meses

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, disse hoje (1°) que a vacina brasileira contra o novo coronavírus deve estar disponível para uso na população em nove meses. Chamado de RNA MCTI CIMATEC HDT, o imunizante contra a covid-19, começou a fase 1 de teste em pacientes em janeiro.

O imunizante, desenvolvido por pesquisadores brasileiros da Rede Vírus MCTI em parceria com a americana HDT Bio Corp, é financiado pelo Governo Federal, por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), e é produzido no SENAI CIMATEC de Salvador (BA).Os testes de fase 1, autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) também estão sendo em Salvador.

“Nós investimos em 16 tecnologias de vacinas no Brasil. Dessas 16, cinco entraram na Anvisa para iniciar os teste clínicos. Uma dela passou, foi aprovada pela Anvisa e já começou os testes clínicos que deve durar nove meses”, disse o ministro que participou da Mobile World Congress 2022, principal feira do mundo do setor de telecomunicações, realizada em Barcelona.

A vacina utiliza a tecnologia de RNA mensageiro. Nesse tipo de vacina, o código genético do vírus vai para dentro do corpo, e, lá dentro, fornecem instruções para que as células e sistema imunológico construam uma resposta e gerem anticorpos.

A tecnologia RepRNA permite que o RNA seja capaz de se autorreplicar dentro das células, o que garante uma resposta imune robusta e duradoura com uma dose menor da vacina. De acordo com Pontes, o investimento aplicado pelo governo para a elaboração do imunizante será de R$ 350 milhões.

O teste de fase 1 prevê a participação de 90 adultos saudáveis, com idades entre 18 e 55 anos e visa avaliar a segurança, imunogenicidade (capacidade de gerar resposta imune), e a reatogenicidade (possível reação adversa no organismo) do novo imunizante.

O cronograma de teste prevê a aplicação do imunizante em duas doses em diferentes intervalos. O primeiro grupo receberá duas doses com intervalo de 29 dias; o segundo grupo receberá duas doses com intervalo de 57 dias. Um terceiro grupo de voluntários receberá uma dose única da vacina. 

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