Lisboa observa o ressurgimento de novos casos de coronavírus nos últimos dias
*Por Marie-Line Darcy, correspondente da RFI em Lisboa
Desde 10 de junho – feriado da festa nacional de Portugal – até este domingo 14, a prefeitura de Lisboa está impondo novamente restrições para saídas. No sábado 13, dia em que os lisboetas celebram a Festa de Santo Antônio, padroeiro da cidade, a população teve que permanecer em casa.
Normalmente, nesta época do ano, os moradores da capital invadem as ruas para comer sardinhas grelhadas, dançar e cantar. Na madrugada do 12 de junho, um grande desfile popular é realizado pelos moradores dos diferentes bairros. E no dia da Festa de Santo Antônio, 13 de junho, um grande casamento coletivo é organizado sob a proteção do padroeiro.
No entanto, neste ano, devido ao ressurgimento do coronavírus em Lisboa, nada disso pode ser festejado. Os bares e restaurantes fecharam mais cedo. As decorações de ruas foram proibidas. Cerca de mil policiais foram mobilizados para que a população respeitasse as restrições.
300 novos casos por dia
Portugal vem registrando cerca de 300 novos casos de coronavírus por dia. Na Europa, é o segundo país depois da Suécia a confrontar essa situação. A terceira fase do relaxamento da quarentena teve que ser adiada na capital e no Vale do Tejo.
As autoridades portuguesas estão preocupadas e chegaram a criar uma comissão especial para gerenciar o ressurgimento da doença Lisboa, aumentando o número de testes de detecção da covid-19.
Depois de uma clara diminuição em maio, as internações começam a aumentar. A maior parte dos novos casos de Covid-19 – entre 80% e 90% – ficam na região da capital. Focos foram registrados em usinas, depósitos e empresas de construção.
Desde o início do relaxamento da quarentena, em maio, a circulação entre as periferias e o centro de Lisboa foi retomada com intensidade. Nos transportes públicos lotados é impossível respeitar as regras de distanciamento físico.
Aposta no turismo para relançar economia
O governo tenta evitar o tom alarmista e adota um discurso de prudência. Mas o aumento do número de casos é constrangedor, sobretudo em um momento em que o país aposta no turismo, motor da economia portuguesa.
Assim, o discurso de volta à normalidade deixou de ser utilizado nos últimos dias. Portugal entrou na pandemia com um mês de atraso em relação aos outros países europeus e deve demorar a sair da crise sanitária, em um contexto volátil de um coronavírus que continua a circular.
O país registrou até o momento mais de 36 mil casos confirmados, além de 1.512 mortes.