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Partido Novo escolhe Fernando Amaral como pré-candidato a vice-prefeito de Natal em 2020

O professor universitário Fernando Amaral tem 23 anos de experiência em finanças corporativas, com passagem em empresas como Coats Correntes, Souza Cruz e Oi. Professor de finanças, também é consultor de soluções em gestão fiscal para estados e municípios.

o fim de 2017, foi ele que alertou em primeira mão que um colapso nas contas públicas estaduais deveria ocorrer em no máximo 6 meses, que salários deixariam de ser pagos, fornecedores essenciais não conseguiriam receber e que o saldo de restos a pagar iria sofrer expressivos acréscimos. Ainda no início de 2018, o Estado entrou em colapso financeiro e até hoje ainda tem servidores com salários a receber.

O professor agora emite seu alerta para as consequências da pandemia do novo coronavírus, que gera a Covid-19. No fim de março, ele construiu um modelo para contrapor dados apresentados pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Norte, que na época projetava 15 mil óbitos pelo coronavírus até maio.

O modelo de Fernando Amaral estimou 60 óbitos para o mesmo período. Em 1º de maio, segundo a própria Secretaria de Saúde, o Estado tinha 56 mortes. Para cravar a projeção, o professor considerou o comportamento de transmissão baseado nos índices de distanciamento social aplicados no Brasil, dados demográficos da população e densidade populacional. Ele comparou esses dados com informações como temperatura do ambiente e índices de tabagismo e diabetes da população, além da disponibilidade de leitos críticos. Ele pesquisou todos os óbitos que ocorreram em 210 países em 2020 até 2 de junho.

Para o RN, ele simulou dois cenários: um mais provável, com o percentual de isolamento social alcançado a partir de medidas do governo estadual, e um mais pessimista, com o vírus atingindo um comportamento mais agressivo no Inverno e os reflexos do colapso do sistema de saúde pública, quando pessoas morrem sem atendimento.

Segundo Amaral, no cenário provável, o RN registraria 663 óbitos até o final de julho de 20, tendo o pico em 7 de junho, com o registro de 25 óbitos. No cenário pessimista, haveria 1.662 óbitos no mesmo período, com o pico em 17 de junho, com o registro de 59 óbitos em 24 horas.

Na opinião do professor, o cenário pessimista foi construído graças ao que ele classifica como negligência do Governo do Estado e da Prefeitura do Natal na abertura de leitos para atendimento de pacientes com Covid-19. O resultado foi a falta de assistência a alguns grupos de pacientes. Estimativa do Ministério Público Estadual aponta que, até agora, cerca de 200 pessoas morreram à espera de um leito de UTI no RN.

Nesta entrevista ao Agora RN, Fernando Amaral analisa o atual momento da pandemia do novo coronavírus e comenta também sobre política partidária. Nesta semana, ele foi anunciado como pré-candidato a vice-prefeito de Natal pelo Novo, na chapa do advogado e empresário Fernando Pinto.

Confira:

AGORA RN – O senhor sempre disse ter uma certa aversão à política. O que mudou?

FERNANDO AMARAL – Realmente, sempre tive muita aversão, pela forma como a política é feita no País e aqui no RN também. Política usada como projeto pessoal de enriquecimento e de poder. Isso se reforçou em 2013, quando vi morrer diante de meus olhos um projeto que lutei muito para concretizar: a ZPE do Sertão, em Assu, por questões políticas. As famílias e oligarquias não querem desenvolver o RN e Natal. Povo emancipado não vota sendo iludido de quatro em quatro anos. Mas então conheci o Novo e como o partido pensa. Seus filiados estão exercendo mandatos pelo País com lisura, ética e economias gigantescas a partir do corte de despesas. Decidi me filiar em 2018 pois acredito nesses valores e que é o cidadão comum que muda a história de uma cidade, de um país. Nunca pensei em me candidatar. Sempre pensei em apoiar os filiados. Mas, com a pandemia da Covid, o atropelo das gestões da Prefeitura do Natal e do Governo do Estado e a forma como amigos próximos morreram, eu vi que precisava fazer alguma coisa. Deixar nas mãos desses que estão aí só vai piorar. Decidi colocar meu nome como vice para recuperar Natal.

AGORA RN – Além das mortes, qual é o aspecto mais negativo da pandemia do novo coronavírus no Rio Grande do Norte?

FA – Ficou mais evidente a baixa qualidade de nossos gestores públicos. Quando o secretário de Saúde do Governo do Estado falou em 15 mil mortes até 15 de maio de 2020, me revoltei. Qual o objetivo dele em dizer uma declaração descabida dessa? Depois veio o absurdo da manutenção da participação do Estado no malfeitor “Consórcio Nordeste”, um conglomerado obscuro dos governos estaduais do Nordeste. As compras feitas por esse consórcio foram malsucedidas. Já perdemos R$ 5 milhões e o Consórcio Nordeste pagou outros R$ 12 milhões em comissões por respiradores que nunca foram nem vão ser entregues. O Tribunal de Contas do Estado já pediu explicações. A governadora fala da criação de leitos, mas está muito bem evidenciado que a maioria desses leitos era de clínica médica. Pacientes foram mobilizados para outras unidades ou liberados e os leitos foram nomeados como leitos Covid. Em quantas matérias o RN foi pauta no noticiário nacional com pacientes jogados em macas, em ambulâncias, em cadeiras, sem atendimento e morrendo? Esse cenário de óbitos por desassistência foi único no País. E ninguém se pronuncia?

AGORA RN – E em Natal?

FA – Com a pior situação entre os municípios do Estado quanto à ocupação de leitos antes da pandemia, quando a Covid chegou, a situação não poderia ficar pior. É hospital de campanha com respiradores extraídos de outras unidades às pressas, falta de oxigênio, acusações de gestão temerária, falta de insumos, atropelos nas atividades e óbitos por erros e falhas. Um pesadelo para o natalense. O nosso povo é bom e não merecia isso.

AGORA RN – Como o senhor analisa a gestão do prefeito Álvaro Dias, a quem o senhor deverá enfrentar nas urnas este ano?

FA – Natal é a capital com pior transparência das contas públicas, segundo divulgação da Controladoria Geral da União. Fechou 2019 no positivo porque houve R$ 215 milhões de aumentou de patrimônio. Isso foi feito para se contrapor aos lançamentos de despesas, que reduziram o patrimônio. Sem esse lançamento tão expressivo, a prefeitura teria fechado no negativo. Na educação, somos uma vergonha até dentro do Rio Grande do Norte. Na economia, somos um cemitério de sonhos. Nas principais avenidas da cidade, como Moema Tinoco, Prudente de Morais e Salgado Filho, o que mais se vê são placas de “vende-se” e “aluga-se” nas fachadas de prédios comerciais. Nossa orla urbana está destruída, infestada por roedores e com registros de violência. Consequentemente, nossa vocação turística agoniza. Perdemos no ano passado 60% do fluxo de turistas estrangeiros. Ainda tem turista vindo para a cidade porque nosso empreendedor do turismo consegue fazer milagre e continuar aberto. Pelo poder público, aqui era para ser uma cidade fantasma.

AGORA – O que esperar de uma eventual prefeitura comandada pelo Partido Novo?

FA – Ética, trabalho duro, zelo pelo dinheiro do povo, redução de despesas, modernidade e serviços públicos de qualidade na saúde, na educação e na segurança. O natalense precisa voltar a se orgulhar da sua cidade. Natal foi saqueada e destruída.

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