_A cada dois segundos, uma mulher é vítima de violência física ou verbal no país. Campanha convoca sociedade a refletir e reagir diante de violações_.
Brasília (DF) – Para encorajar a mudança de comportamento e a tomada de atitude diante de situações de desrespeito e violência contra a mulher, o Ministério Público do Trabalho lança campanha nacional de conscientização que ilustra comportamentos inadequados e propõe uma reflexão quanto aos relacionamentos dentro e fora do ambiente de trabalho. As publicações serão feitas a partir desta terça-feira, 24 de novembro, nas redes sociais da instituição, em alusão aos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres, que é promovido anualmente a partir do dia 25 de novembro, Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher.
Com o slogan “quem sente, não consente”, serão veiculados vídeos idealizados pelo MPT em Santa Maria (RS). De acordo com a procuradora do MPT em Santa Maria Bruna Iensen Desconzi, o foco é alertar para o assédio moral e sexual mostrando como atitudes motivadas por uma educação machista podem trazer prejuízos não só no ambiente do
trabalho, a exemplo dos altos índices de feminicídio no Brasil. “A campanha busca dar voz ao respeito e à igualdade”, sintetiza.
Além disso, será divulgada também uma série de cards móveis com termos extraídos do ABC da Violência contra a Mulher no Trabalho, publicação feita pelo MPT que mostra atitudes comumente praticadas por homens no trabalho, e que podem configurar violações aos direitos das mulheres. Os cards questionam “você já viu um homem agir assim no trabalho?” e apresentam situações que ajudam a identificar e combater esses comportamentos.
O MPT atua para que haja a efetivação das disposições da Constituição Federal, que assegura a homens e mulheres igualdade de direitos e obrigações, sendo vedada, pelo seu artigo 7º, a diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, entre outros. O órgão busca, ainda, a prevenção, a fiscalização e a solução de situações de assédio moral, inclusive as de cunho sexual, que em muitos casos não são denunciadas por medo de represálias.
“Um dos principais problemas está na naturalização do desrespeito contra a mulher. Isso também se reflete no ambiente laboral, pois faz com que as mulheres se sintam desencorajadas a reagir ou denunciar os agressores. Mas a ação diante da violência contra a mulher não é só responsabilidade da vítima. Observadores também têm o dever de intervir nesse tipo de situação, para criar uma consciência coletiva sobre respeito e igualdade de gênero”, explica a procuradora Adriane Reis, coordenadora nacional de Promoção da Igualdade e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade), do MPT.
De acordo com o IBGE:
* 48% dos homens entre 16 e 24 anos acham errado uma mulher sair sozinha com os amigos sem a companhia do marido, namorado ou “ficante”;
* 76% criticam uma mulher que sai com diferentes homens;
* 80% afirmam que mulheres não deveriam ficar bêbadas na balada;
* 27% pensam que a mulher vítima de estupro também tem culpa.
A pesquisa também comprova que, mesmo tendo consciência dos comportamentos inadequados, os homens não sabem o que fazer para melhorar:
* 60% dos homens dizem que poderiam melhorar sua postura diante das mulheres;
* 31% dizem que gostariam de não ser machistas, mas não sabem como agir;
* 45,5% gostariam de se expressar de forma menos dura e agressiva.
A consciência do problema por parte do público masculino abre uma oportunidade para dialogar sobre o tema e incentivar a tomada de atitude diante de uma situação de abuso.
Vídeos “Quem sente não consente”
Vídeo 1 (disponível em diversos formatos e nas durações de 15s, 30s e 60s)
Ponto de vista da mulher no almoço com colegas de trabalho
https://youtu.be/Ebsv0MF2fug
Ponto de vista do colega homem: https://youtu.be/6D-fgNhA0rQ [1]
Vídeo 2 (5min18s)
Gravado no início do ano, no shopping Royal Plaza, em Santa Maria, mostra a inércia de pessoas ao observarem cenário de agressão encenada por atores. O vídeo enfatiza a importância de dialogar e dar visibilidade ao tema, fazendo com que as mulheres se sintam seguras e encorajadas a denunciar esse tipo de situação.