Ceará-Mirim

‘Hacker aqui’, diz mensagem enviada a grupo de procuradores do CNMP

Reprodução de troca de mensagens de hacker com procurador — Foto: Reprodução

Reprodução de troca de mensagens de hacker com procurador — Foto: Reprodução

Por Mariana Oliveira e Camila Bomfim, TV Globo — Brasília
Veja link no G1 aqui

Um hacker invadiu um grupo do aplicativo Telegram formado por conselheiros do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e afirmou que acessa “quem quiser e quando quiser”.

A conversa ocorreu na noite de terça-feira (11), quando mensagens do perfil do conselheiro Marcelo Weitzel, do Ministério Público Militar, questionaram a atuação de procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato. Um dos integrantes questionou: “Marcelo essas mensagens são suas? Não está parecendo seu estilo. Checa teu celular aí”.

E ele respondeu: “Hacker aqui. Adiantando alguns assuntos que vocês terão de lidar na semana, nada contra vocês que estão aqui, mas ninguém melhor que eu para ter acesso a tudo né.” As informações foram publicadas pelo “O Globo” e as conversas também foram obtidas pela TV Globo.

Reprodução de troca de mensagens de hacker com procurador — Foto: Reprodução
Reprodução de troca de mensagens de hacker com procurador — Foto: Reprodução

Depois, o suposto hacker diz que podem avisar o conselheiro Marcelo que o perfil dele foi liberado.

“Eu acessei ontem aqui apenas para mostrar que não sou como a mídia diz, que liga para o telefone com número internacional e tampouco com o mesmo número (vide fake News do moro) eu acesso quem eu quiser, quando eu quiser e pode ter verificado em 10 etapas. Ele já pode resgatar a conta dele, e que vocês saibam que eu apenas acessei a lava jato pois havia irregularidades que a população incluindo vocês deveriam saber”, afirmou.

Reprodução de mensagem de hacker — Foto: Reprodução

O hacker enviou ainda, segundo conselheiros, áudios de procuradores da Lava Jato para o grupo.

perfil hackeado de Marcelo Weitzel também trocou mensagens com o procurador regional José Robalinho Cavalcanti, ex-presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República. Na mensagem, o hacker disse: “Eu não tenho ideologias, não tenho partidos, não tenho lado, sou apenas um funcionário de TI [tecnologia da informação].”

Não há confirmação sobre se quem hackeou o perfil de Marcelo Weitzel foi a mesma pessoa que entrou em conversas do ministro da Justiça, Sérgio Moro, e de procuradores da Operação Lava Jato.



A Polícia Federal abriu quatro inquéritos para apurar quem teve acesso de forma ilegal a conversas privadas e qual método foi utilizado pelos hackers.

No último domingo, o site The Intercept divulgou trechos de conversas de procuradores da Lava Jato e de diálogos entre Moro e o coordenador da Lava Jato no Paraná, procurador Deltan Dallagnol pelo Telegram.

De acordo com as mensagens divulgadas pelo site, o ministro, então juiz da Lava Jato, dá orientações e opina sobre como proceder com as investigações. Segundo The Intercept, o site recebeu a reprodução das conversas de fonte antes da invasão de celulares pelos hackers.

PGR pede apuração

Em nota, a Procuradoria Geral da República informou que pediu à Polícia Federal a unificação das apurações em andamento sobre ataques cibernéticos a integrantes do Ministério Público e pediu ainda que a PF investigue especificamente o episódio do ataque ao grupo do CNMP.

Segundo a nota, houve invasão a celulares de integrantes do MPF do Paraná e do Rio de Janeiro.

O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot chegou a ser alvo de ataques antes de se aposentar, em abril.



Por uma rede social, ele disse: “Amigos. Meu telefone foi clonado ou hackeado. Hacker muito proativo. Já tentou acessar minha conta Apple, Telegram, conta bancária e por aí vai. Tem muito interesse em meus bancos de informação. Vamos enfrentar! Tenho algumas desconfianças.”

Janot teve aplicativos Apple, Telegram e Twitter atingidos, e o hacker chegou a falar com auxiliares do ex-procurador como se fosse o próprio Janot.

Na época, o ex-procurador não pediu apuração porque não desconfiou de uma ação orquestrada. Depois, quando outras pessoas foram alvos de tentativas de ataque, a PGR pediu que a PF apurasse.


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