O hospital pediátrico Bambino Gesú (Menino Jesus) em Roma (Itália) anunciou nesta terça-feira (7) o sucesso, após três cirurgias de alto risco, na separação de gêmeas siamesas de dois anos unidas pela cabeça.
As irmãs Ervina e Prefina nasceram com uma doença “rara e completa da fusão cranial e cerebral”, divulgou o hospital.
Foi a primeira vez na Itália, — e provavelmente no mundo, já que não há casos semelhantes na literatura médica —, que uma equipe de cirurgiões especializados consegue separar gêmeos dessa maneira.
As gêmeas compartilhavam a parte posterior do crânio assim como o sistema venoso.
As siamesas, nascidas na República Centro-africana, chegaram na Itália em setembro de 2018 depois que o diretor do hospital aceitou recebe-las.
Os exames feitos na Itália mostraram que as siamesas gozavam de boa saúde, mas o coração estava sendo mais exigido para manter o “equilíbrio fisiológico dos órgãos de ambas, principalmente o cérebro”.
As crianças têm personalidades “distintas”, afirmou o hospital. Prefina é mais agitada e brincalhona, enquanto sua irmã, Ervina, é mais séria e silenciosa.
O maior desafio que a equipe médica enfrentou, entre eles neurocirurgiões, anestesiologistas, neurologistas, cirurgiões plásticos, engenheiros e fisioterapeutas, foi na rede compartilhada de vasos sanguíneos que conduziam o sangue do cérebro a seus corações, explicou o hospital em um comunicado.
As siamesas foram submetidas a “três operações muito delicadas para reconstruir progressivamente dois sistemas venosos independentes”, relatou a entidade.
A cirurgia final, que durou cerca de 18 horas e envolveu 30 médicos e enfermeiros, ocorreu no dia 5 de junho, quando os ossos do crânio compartilhado foram divididos.
Depois, os cirurgiões reconstruíram uma membrana que cobre os dois cérebros e recriaram o revestimento de pele sobre os novos crânios.
“Um mês depois da separação final, as gêmeas estão bem”, confirmou o hospital.
Em um vídeo de uma festa pelo segundo ano de vida das siamesas, celebrado no hospital, as crianças aparecem com as cabeças enroladas com fitas protetoras, gesticulando e segurando o bolo.
O hospital anunciou que ainda existe risco de infecção e que as crianças terão que usar capacetes protetores por vários meses.
Os exames pós-operatórios mostraram que seus cérebros estão “intactos” e que poderão crescer normalmente e “levar uma vida normal, como todas as crianças de sua idade”.
É a quarta vez que este mesmo hospital opera gêmeos siameses.
São considerados casos extremamente raros, aproximadamente um caso por cada 2.5 milhões de nascimentos, alertou o hospital.