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Programa da PM de São Paulo prevê uso de frota de ‘superdrones invisíveis’

Drone avançado que a Polícia Militar de São Paulo está adquirindo para uso em policiamento e salvamento - Divulgação

Drone avançado que a Polícia Militar de São Paulo está adquirindo para uso em policiamento e salvamento - Divulgação

SÃO PAULO – Até o final deste ano, cinco superdrones capazes de localizar pessoas no escuro pelo calor do corpo humano e preparados para fazer registros de imagens de suspeitos a longas distâncias devem estar cruzando os céus de São Paulo.

A compra desses drones avançados pela Polícia Militar paulista está na reta final, em fase de testes. Cada um deles deve custar cerca de R$ 240 mil, ou R$ 1,2 milhão no total.

A aquisição ocorre dentro de um pacote do governo paulista para implantação de aeronaves não tripuladas. A PM deverá contar ainda com outros cem equipamentos mais simples, de valor unitário estimado em R$ 30 mil.

Os superdrones operarão a grandes alturas e de modo silencioso, o que os torna imperceptíveis. 

Segundo o coronel Paulo Luiz Scachetti Junior, do Comando de Aviação da PM, o fato de que uma equipamento do tipo pode “em determinadas condições, operar sem ser visto, sem ser ouvido, sem ser percebido” o habilita para missões de inteligência e para planejamento operacional.

Um superdrone pode ser usado em situações como uma reintegração de posse ou a entrada numa favela, ilustra o coronel. 

Mas há uma série de outros usos para esses equipamentos mais avançados —a corporação lista ao menos 23 possibilidades, que vão desde a aplicação em segurança até ações de socorro e salvamento.

Um superdrone pode, por exemplo, ser utilizado para transportar órgãos entre hospitais.

Com o sistema infravermelho de suas câmeras acopladas, as aeronaves podem ainda atuar no resgate de pessoas perdidas em matas, algo comum em São Paulo. Os helicópteros usados pela PM para este fim custam, cada um em torno de U$ 3,5 milhões (aproximadamente R$ 14,4 milhões).

Já na área de segurança pública, podem servir para enfrentar quadrilhas especializadas em ataques a carros-fortes e bases operacionais de guarda valores. Em ações recentes, criminosos se posicionaram próximo a bases da PM para evitar que helicópteros levantassem voo para monitorar do alto a ação dos bandos. 

O emprego das aeronaves não tripuladas virtualmente invisíveis faz com que acompanhar criminosos se torne mais seguro e eficaz, sem expor os agentes, acrescenta o coronel. 

As imagens captadas pelos superdrones podem ser transmitidas ao vivo para salas de gerenciamento de crise. Contudo o sistema de transmissão necessário para isso será adquirido pela PM num segundo momento, uma vez que ele requer uma licitação específica.

A cúpula da Polícia Militar ainda deve decidir a unidade que receberá os equipamentos. Entre os possíveis destinos estão o Comando de Aviação, o setor de inteligência e os batalhões de choque e ambiental.

Presidente da comissão de segurança pública da OAB de São Paulo, o advogado criminalista Marcos Soares disse ver só pontos positivos na aquisição das aeronaves pela polícia.

“O investimento em tecnologia e inteligência é o mais importante na segurança pública. É sempre bem-vindo. É muito melhor prevenir o crime e não só combatê-lo depois de acontecido.”

O advogado também não vê possibilidade de questionamento legal do uso dessas aeronaves, como eventual invasão de privacidade. “Hoje já existe tanto monitoramento, com as câmeras de rua, que respeitados os limites da Constituição, não vejo problema nenhum.”

Embora venha estudando o assunto desde 2010, é a primeira vez que a Polícia Militar de São Paulo fará uma aquisição desse tipo de equipamento. Os drones, mais simples, que a PM utiliza hoje em dia são fruto de doação ou de empréstimo temporários de empresas.

A cúpula da corporação estuda implantar aeronaves não tripuladas ainda mais sofisticadas, com maior autonomia de voo, mas ainda não há previsão de quando serão implementados.

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