A presidente da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Nísia Trindade, afirmou nesta 2ª (2.nov.2020) que estima que a produção da vacina contra a covid-19 deve começar entre janeiro e fevereiro de 2021 e a imunização da população deve começar a ser feita em março.
A Fiocruz vai fabricar a vacina desenvolvida pela biofarmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford quando ela for aprovada. O imunizante está na 3ª e última fase de testes.
Segundo Nísia Trindade, o processo de produção da vacina será acompanhado pela Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária).
“A expectativa é que possamos encaminhar a vacina entre os meses de janeiro e fevereiro para começar a produção. A Agência de Vigilância Sanitária irá acompanhar todo o processo. Assim, temos a expectativa de que o processo de imunização [no Brasil] comece a ser feito no 1º trimestre de 2021″, disse.
o Cemitério da Penitência, no Caju, Rio de Janeiro. Na ocasião, foi inaugurada a pira —a “Chama da Esperança”—, que só será apagada quando houver a descoberta de uma vacina. Parte das chamas foram levadas para a Fiocruz.
“A chama na Fiocruz significa confiança no trabalho da ciência, de iluminação para o trabalho de toda a pesquisa da nossa instituição. Estamos trabalhando com a ciência para que essa mensagem de esperança se dê a partir de testes e da vacina. O papel da Fiocruz está sendo conduzir a pesquisa científica, reforçar o nosso Sistema Único de Saúde e produzir as doses”, declarou.
PROCESSO DE PRODUÇÃO
Em agosto, a Fiocruz e Anvisa definiram a logística da produção da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e a AstraZeneca.
Segundo a assessoria da fundação, o laboratório de Bio-Manguinhos realizará as etapas de formulação, envase e rotulagem da vacina, utilizando as instalações do Centro de Processamento Final e do Pavilhão Rockfeller –destinado à fabricação de vacinas virais e que tem certificação de boas práticas de fabricação e pré-qualificação da OMS (Organização Mundial da Saúde). Já a produção do insumo farmacêutico ativo será realizada no Centro Henrique Pena.
Para o diretor de Bio-Manguinhos, Mauricio Zuma, esse alinhamento é fundamental para que o registro possa acontecer o mais rapidamente possível, a partir da obtenção de resultados satisfatórios nos estudos clínicos, que no Brasil estão sendo conduzidos pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) em parceria com a Universidade de Oxford.
“Essa análise prévia é uma prática de longa data que adotamos junto à Anvisa para a incorporação de tecnologias, e só traz benefícios para o país, na medida em que nos dá direcionamentos de medidas a serem tomadas antecipadamente para o cumprimento das exigências regulatórias e o apoio necessário para a importação dos insumos –no caso da vacina da covid-19 em caráter emergencial, possibilitando a disponibilização mais rápida de vacinas e outros imunobiológicos para o Sistema Único de Saúde”, disse Zuma.
A VACINA
A Fiocruz com trabalha com 2 projetos de vacinas candidatas contra a covid-19. Há 11 existentes no Brasil, desenvolvidos em universidades e instituições de pesquisa públicas do país. Ainda não foi divulgado qual deles irá para a produção.
De acordo com Sotiris Missailidiso, vice-diretor de desenvolvimento tecnológico de Manguinhos, ambos os projetos já passaram por uma 1ª etapa de estudos pré-clínicos, com camundongos, e foram seguras para os animais.
Neste momento, está em avaliação pelos cientistas a geração de anticorpos e as respostas das células de defesa dos animais. A melhor das construções e das doses testadas vai para estudo de desafio –quando cientistas infectam os animais com o vírus e verificam se a vacina conferiu proteção.
O próximo teste, previsto para ocorrer neste mês, será em hamsters. Após, a aplicação será em macacos.
“Se a gente conseguir achar laboratório que faça, seria já em dezembro [o teste] em macacos. No final do ano ou em janeiro podia completar a fase pré-clínica”, disse Missailidis ao G1.