O Facebook desarticulou nesta quarta-feira (8) uma rede de contas, páginas e grupos na rede social e no Instagram de funcionários de gabinete do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), além de envolvidos com o PSL, partido pelo qual o presidente se elegeu. As remoções ocorreram porque estas páginas empregavam ações vetadas pela plataforma, como o uso de contas falsas, envio de spam ou adoção de ferramentas artificiais para ampliar a presença online.
É a primeira vez que o Facebook realiza uma ação dessas no Brasil. Também nesta quarta a empresa derrubou outras redes coordenadas desse tipo nos Estados Unidos, na Ucrânia e em outros países da América Latina.
No Brasil, ainda que os envolvidos tenham tentado disfarçar suas identidades, o Facebook conseguiu constatar sua ligação com pessoas ligadas ao PSL e funcionários dos deputados estaduais Anderson Moraes e Alana Passos (ambos do PSL-RJ) e ao clã Bolsonaro.
Segundo a rede social, há indícios de que os parlamentares, assim como Eduardo e Jair Bolsonaro, estejam envolvidos diretamente. “Apenas atribuímos o que podemos provar. E removemos toda parte da rede. Vimos conexões com o PSL e com funcionários dos gabinetes das pessoas que mencionamos e o envolvimento direto deles” – Nathaniel Gleicher, líder de políticas de segurança do Facebook.
As contas divulgavam postagens e memes sobre política e eleições, além de críticas a figuras da oposição, organizações de mídia e jornalistas. Mais recentemente o grupo passou a distribuir textos, vídeos e fotos sobre a pandemia de coronavírus.
Algumas das imagens divulgadas pelo Facebook mostravam posts sobre o ex-ministro Sergio Moro e uma publicação que acusava a TV Globo de inventar falsas mortes por covid-19. O Facebook não detalha se esses conteúdos continham fake news ou não. Informa apenas que a rede não foi desarticulada por causa disso, mas sim por se passar por outras pessoas. A empresa acrescenta que alguns dos posts já haviam sido alvo de remoções por violarem regras do site, como a que proíbe discurso de ódio.
Ao todo, foram desmobilizados:35 contas no Facebook 38 contas no Instagram 14 páginas 1 grupo no Facebook.
Essa rede possuía: 883 mil seguidores no Facebook 350 inscritos no grupo 917 mil seguidores no Instagram.
A companhia identificou ainda que o grupo gastou US$ 1,5 mil com anúncios. O tipo de conduta que levou à sanção é chamada pelo Facebook de “comportamento inautêntico coordenado”, porque os infratores tentam enganar usuários da rede social ao assumir a identidade de outras pessoas. A rede social identificou, por exemplo, que o grupo usava essas contas para se passar por repórteres ou por administradores de veículos de notícias.
“Para mim o que você está dizendo é novidade. A minha conta é verificada, mas não temos acesso às contas das pessoas que trabalham conosco. Cada um posta aquilo que quer, aqui não peço para ninguém postar nada, nem para repostar o meu. Sobre eu ter duas contas, não é verdade”, diz o deputado Anderson Moraes, em resposta à reportagem.
Tilt está tentando contato com o presidente Jair Bolsonaro, além do senador Flávio Bolsonaro, do deputado federal Eduardo Bolsonaro e da deputada estadual Alana Passos. Esta notícia será atualizada com suas respostas à reportagem sobre o caso.