Expostos ao coronavírus, garis trabalham com medo: “Tem muito lixo contaminado”

Fonte:Brasil de Fato

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Ao longo dos 15 anos trabalhando como gari na cidade de São Paulo, Carlos Nério Barbosa nunca imaginou que um dia sentiria tanto receio de ir para as ruas fazer a coleta de resíduos. Enquanto parcela do país está em quarentena, ele faz parte dos trabalhadores de atividades essenciais que não puderam paralisar seus serviços em meio à pandemia da covid-19.

Homenageados neste sábado (16), Dia Gari, os trabalhadores da categoria enfrentam uma situação delicada, já que acabam sendo mais expostos ao vírus neste momento. Seja por estarem nas ruas ou por trabalharem diretamente com a coleta de lixo nos municípios.

Nério conta, em tom preocupado, que a solução que encontrou foi redobrar os cuidados com a higiene e com a proteção: Agora, as máscaras e o álcool gel acompanham as luvas, botas e uniformes usados todos os dias.

“Estamos trabalhando sim mas com medo. A população na rua ajuda a gente, dá máscara e tudo, dá apoio moral. Mas tá difícil. Muito. Vamos pra rua, deixamos nossa família em casa e voltamos daquele jeito… com medo”, desabafa. 

Trabalhador contratado por uma empresa terceirizada que presta serviços para a Prefeitura de São Paulo, o gari afirma que os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) estão sendo disponibilizados da forma correta, o que alivia mas não some com a ameaça de ser contaminado pelo vírus.

“Saímos de casa, oramos e pedimos pra Deus pra nunca acontecer o que tá acontecendo por aí. Mas se a gente não tiver na rua, é pior. Se não sairmos pra coletar, como é que vai ser? Como o pessoal vai ficar?”, questiona. 

A preocupação é compartilhada por Valdenise Brandão Ferreira, que trabalha há 11 anos na área de limpeza urbana do Rio de Janeiro. Hoje ela atua com a revitalização de ruas e parques no bairro do Recreio, mas já deixou sua marca na favela da Maré por meio de um projeto de reforma e recuperação de áreas coletivas e criação de jardins a partir da reciclagem, do qual muito se orgulha.

Se a gente não tiver na rua, é pior. Se não sairmos pra coletar, como é que vai ser? Como o pessoal vai ficar? 

Para combater a pandemia, o álcool gel, a água e o sabão, assim como as máscaras individuais laváveis, equipamentos disponibilizados pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), são indispensáveis em seu cotidiano. O uso, inclusive, foi determinado como obrigatório pela empresa durante a jornada de trabalho, que foram reduzidas para 6h. 

“Eu tenho medo de pegar corona em qualquer instante que eu vou na rua. Sair na rua se tornou um risco, mas temos que sair, tem que trabalhar, Quando eu saio, vou toda equipada. Já saio com a máscara”, relata. Ela acrescenta que os garis têm higienizado escolas, ruas e áreas coletivas, visando proteger a população o máximo possível.

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