Assim como em muitas famílias, o Dia das Mães da enfermeira Rusia da Silva Roma de Goes, 42 anos, foi de encontro a distância por causa da Covid-19. Mas a chamada de vídeo foi a primeira vez em que mãe, pai e a pequena Luiza se reuniram, depois de duas semanas de angústia em hospitais da Zona Sul do Rio.
Rusia deu à luz Luiza no dia 26 de abril, mas não pôde ver a filha, pois já estava entubada, afetada pelo coronavírus. Na internação, dia 24 de abril, ambas estavam bem; no sábado, exames alarmaram a equipe médica.
“Realizamos uma tomografia computadorizada e vimos muito comprometimento do pulmão”, conta Monica Barros, diretora da maternidade Santa Lúcia, em Botafogo. “Era iminente ajudar a mãe a respirar; então optamos por fazer a interrupção da gestação”, emenda a médica.
Rusia estava na 35ª semana de gravidez — mal tinha entrado no oitavo mês — e teve de ser transferida da Santa Lúcia para o CTI do Pró-Cardíaco. Lá, respirou com a ajuda de aparelhos até a última sexta-feira (8).
No sábado (9), foi para um quarto e finalmente viu a filha, por vídeo.
Angústia no parto
Enquanto a equipe médica trazia Luiza à luz com Rusia entubada, Ednaldo Souza de Goes estava com Júlia, a filha mais velha, de 8 anos, dentro do carro esperando notícias.
“Eram duas da madrugada, eu não sabia o que fazer. Se ia para a rua, se ficava no hospital, se ficava no carro. Comecei a chorar. Minha filha chorando também, foi muito angustiante”, lembra o pai.
Ednaldo conta que Luiza teve de ser reanimada após o parto. “Ter que ir para casa sozinho com a Júlia foi muito ruim”, diz.
O pai só viu a caçula neste domingo. Ele estava em isolamento por causa da Covid-19. “Ela reconheceu a minha voz, ficou procurando”, conta.
Bebê sem coronavírus
Luiza está bem e não foi contaminada com a Covid-19. Os médicos aguardam que agora que ela ganhe peso para receber alta. A mãe está melhor a cada dia.
“Estou muito feliz que estou melhorando. Não vejo a hora de pegar minha pequena”, afirma Rusia.