Neto de Mário Andreazza, ministro dos Transportes de três governos da ditadura militar (1964-1985), Carlos Andreazza, importante nome da editora Record e colunista de política de importantes veículos de São Paulo e Rio, abriu nesta sexta-feira (7) seu comentário de rádio Band News falando de um potiguar.
“Cada vez mais Jair Bolsonaro é Rogério Marinho”, decretou Andrazza ao se referir a uma longa entrevista do ministro do Desenvolvimento Regional ao diário carioca O Globo, onde Andreazza é colaborador.
“A ascensão de Rogério Marinho é muito simbólica desse processo”, afirmou o colunista numa referência ao todo poderoso ministro da Economia, Paulo Guedes, que estaria perdendo espaço para Marinho, desde que ministros militares do governo compraram a ideia de Rogério de que é hora de enfiar o pé fundo no acelerador dos investimentos públicos para tirar o Brasil da crise.
“Estou obcecado por essa fase, Bolsonaro encontrando um veio competitivo… Jair Bolsonaro é um cara cada vez mais Rogério Marinho”, eis a frase completa de Andreazza.
Os últimos fatos indicam uma pressão crescente dentro do próprio governo por uma maior folga para gastar em projetos de caráter desenvolvimentista, que não é e nunca foi a praia de Guedes. A briga de Rogério Marinho com ele, aliás, ficou evidente durante a famosa reunião do dia 22 de abril, quando o general Braga Netto, chefe da Casa Civil, expôs a tese abertamente. A partir daquele momento, as coisas não ficaram mais boas entre Guedes e Rogério.
Devem piorar agora depois da entrevista de Rogério Marinho ao Globo. Nela, ele afirma que recebeu do presidente a missão de olhar com atenção especial para o Nordeste e defendeu a ampliação de gastos públicos com uma frase emblemática e que não será facilmente esquecida. “Parece que temos uma faca cravada no olho e estamos preocupados com o cisco”.
Com a decisão do presidente de sair mais do Planalto, fazendo várias viagens ao Nordeste, onde o PT tem um eleitorado mais fiel, Rogério Marinho é um nome em alta no governo. E a pauta já está traçada a partir de obras hídricas importantes, como a transposição do São Francisco, de adutoras que estão sendo construídas nos diversos estados do Nordeste, do Centro-Oeste, do Norte e obras de saneamento básico por todo o País.
A única questão é: será necessária suplementação orçamentária – e é onde Paulo Guedes, o dono do cofre, entra. Rogério admite na entrevista que, como se trata de um ano excepcional com a pandemia, é claro que houve uma queda da atividade econômica, dificultando qualquer suplementação.
Nesse caso, diz ele, é um problema para o Ministério da Economia resolver, buscando “uma alternativa para que as obras não sejam paralisadas e possamos evitar um prejuízo para milhões de brasileiros”.
Sobre uma possível saída para esses gastos junto ao Tribunal de Contas da União, Rogério é realista: “Não existe negociação. Tem que se verificar, somente para dar conforto ao próprio Ministério da Economia, se o entendimento do TCU é o de que aquilo que já foi definido na legislação e, posteriormente, na PEC (proposta de emenda constitucional já aprovada) da emergência, abarca a possibilidade de novas obras. É mais uma questão de conforto que de negociação”.
Sobre suas relações com ministro Paulo Guedes, Rogério apela para a famosa diplomacia: “Temos uma relação respeitosa. É o ministro da Economia que tem protagonismo, e as decisões finais nessa área são dele. Agora, temos opiniões diferentes. É uma demonstração de que temos um ambiente vivo, saudável, porque o debate tem que acontecer, não podemos interditar”.
Perguntado se disputaria eleição para o governo do Rio Grande do Norte, Rogério Marinho disse que está com a cabeça focada em fazer um bom trabalho no ministério, “tanto é que estou até sem partido desde março”.
E acrescentou: “Não vou me meter em campanha eleitoral e tenho tido o cuidado de receber aqui todos os partidos”.