Ceará-Mirim

Crianças mantêm tradição nordestina, declamam poesias de cordel e viralizam na internet; veja vídeo

Poeta Antônio Francisco com as crianças que o homenagearam no Segundo Encontro de Jovens Poetas, no RN — Foto: Divulgação
Segundo Encontro de Jovens Poetas em Carnaúba dos Dantas

Me perdoem meu leitor e os manuais de jornalismo, mas esse texto faz rima, inspirado num belo vídeo de crianças poetas que só trazem orgulho ao jornalista nordestino. Meninos e meninas de oito a 13 anos declamam sua arte cheia de beleza e mantém viva a tradição da cultura sertaneja.

Ao todo, 12 crianças participaram do Segundo Encontro de Jovens Poetas em Carnaúba dos Dantas, que aconteceu no último dia 25 de maio na cidade da região Seridó potiguar. O vídeo gravado durante a programação acabou “viralizando” na internet após o compartilhamento do poeta Bráulio Bessa nas suas redes sociais.

Até o início da tarde desta quinta-feira (6), a publicação já tinha mais de 300 mil visualizações, 69 mil curtidas e milhares de comentários. “A cultura vive”, disse o artista.

Os participantes são de Carnaúba dos Dantas, Equador, Parelhas, Santa Cruz, Currais Novos, Bom Jesus, Santa Maria, Riachuelo, Mossoró e Pau dos Ferros – todas, cidades do Rio Grande do Norte.

Segundo Cirilo Carlos Júnior, presidente da Associação Beco Cultural Artes nas Ruas, que organizou o evento, as crianças são filhos de artistas e pessoas ligadas à cultura popular, que, desde cedo, também demonstraram interesse no cordel. Eles realizaram uma apresentação aberta ao público, recolhendo alimentos e material de higiene que foram doados a um asilo e um hospital da região.

“O evento homenageou o poeta popular e cordelista Antônio Franscisco Teixeira de Melo, de Mossoró, que completa 70 anos em outubro e é uma inspiração para essas crianças. Por isso o tema 70 Antonios de Poesia. A população compareceu em peso. Foi muito bom”, afirma.

Poeta Antônio Francisco com as crianças que o homenagearam no Segundo Encontro de Jovens Poetas, no RN — Foto: Divulgação

Entre as crianças, estava a própria filha de Cirilo, Clara Bezerra, de 12 anos, que lista Antônio Francisco e Chico de Assis, de Campina Grande (PB), como suas grandes referências. Ela conta que começou a fazer poesia aos 10 anos, após ser levada pelos pais para assistir apresentações de cordel. Desde então, já publicou três obras no estilo – em uma delas, conta a história da Chapeuzinho de Couro – uma adaptação de Chapeuzinho Vermelho.

“Quando eu vi os artistas declamando meus olhos brilharam. Ai, uns dias depois, eu estava fazendo atividade de casa, quando comecei a fazer uma poesia e chamei meu pai”, lembra.

A menina conta que é a única poeta na escola onde estuda, mas ganhou uma nova família na arte. Com os colegas poetas, ela aproveitou o último encontro para brincar, conversar e, obviamente, fazer rima.

“É muito bom. A gente fez um grupo no whatsapp para conversar e trocar ideias”, revela a menina, que tem o sonho de ser médica veterinária, mas quer levar a poesia de cordel ao longo da vida e manter a cultura popular nordestina viva.

Quem também promete manter a tradição do cordel viva é o pequeno Segundo Neto, neto e herdeiro cultural do poeta homenageado, Antonio Francisco, membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.

“Me chamo Segundo, sou fã e sou neto de Antonio Francisco, o rei menestrel, nasci recitando poema e cordel, cresci escrevendo, sou neto completo. Agora vivo dizendo direto: quando vovô começar a gaguejar eu grito ‘vovô, pode parar. Pendura a chuteira naquele armador, eu vou recitar no lugar do senhor, nos dez de galope na beira do mar'”, declama ele.


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