Reportagem de Ana Lucia Azevedo no Globo informa que uma frente fria apresentou ao paulistano o céu de chumbo produzido pelo calor das queimadas que ardem no Centro-Oeste e no Norte do Brasil. Agosto marca o auge das queimadas, favorecidas pelo clima seco desta época do ano, mas resultado quase sempre da ação humana. O climatologista Carlos Nobre, um dos maiores especialistas do mundo na Amazônia , observa que o céu negro que transformou o dia em noite na segunda-feira em São Paulo é fruto de um fenômeno ótico criado pelo encontro da pluma de fuligem, ou particulados das queimadas, com uma frente fria. “Excepcional foi a combinação com a frente fria. Ela gerou um fenômeno ótico, que escureceu o céu. Mas a fuligem dos particulados das queimadas do Cerrado e de certas partes da Amazônia passa com frequência pela capital e praticamente o mês todo pelo oeste do estado nesta época do ano. O entardecer particularmente avermelhado, comum nesta época, é criado pelos particulados na atmosfera”, explica Nobre.
De acordo com a publicação, a fuligem é formada por particulados gerados pela queima da vegetação. Em áreas já desmatadas, cobertas por gramíneas, como muitas nas frentes de desmatamento do Cerrado e da Amazônia, há geração particularmente mais alta de particulados. Eles entram em suspensão, formam uma gigantesca pluma na atmosfera observável pelo satélite GOES, da Nasa, e iniciam uma longa viagem.
A chamada pluma de particulados que costuma alcançar São Paulo, em escala muito menor até mesmo o Rio de Janeiro, vem de queimadas no Noroeste do Mato Grosso, do Acre, de Rondônia e da Bolívia. Empurrada pelos ventos, ela segue para oeste até se chocar com os Andes. Lá é levada para o Sul do continente por ventos chamados jatos de baixos níveis, completa o Jornal O Globo.