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Bolsonaro diz que Brasil e Argentina podem ter uma moeda em comum

Presidente Jair Bolsonaro ao lado de Maurício Macri,

Presidente Jair Bolsonaro ao lado de Maurício Macri, durante viagem oficial à Argentina Foto: Agustin Marcarian / Reuters

Marina Guimarães* e Janaína Figueiredo**

BUENOS AIRES — O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, disseram aos empresários argentinos e brasileiros, reunidos nesta tarde em Buenos Aires, que o Brasil e a Argentina pretendem avançar com a proposta de criar uma moeda comum que se chamaria “peso real”. Segundo informações de fontes empresariais ouvidas pelo GLOBO, como os dois países estão alinhados politicamente, a tendência é alinhar as políticas macroeconômicas até chegar a moeda comum, uma proposta que já chegou a ser amplamente discutida em governos anteriores.

Os empresários estavam ansiosos para saber qual seria a mensagem de Bolsonaro.

— Dois elementos nos preocupam, um de curto prazo, outro de longo prazo. O primeiro tem a ver com o fato de que qualquer desvalorização do real pode pressionar o mercado cambial argentino que está muito sensível — disse o diretor executivo da União Industrial da Argentina (UIA), Diego Coatz, que participou da reunião empresarial.

Para a UIA, o fraco desempenho da economia brasileira e a demora na aprovação da reforma da Previdência poderiam terminar em uma forte desvalorização da moeda brasileira.

O economista destacou que uma provável perda do valor do real em relação ao dólar pode ser respaldada pelas reservas do Banco Central, e isso ajudaria o setor exportador do Brasil.

Porém, qualquer movimento brusco do real pode provocar impacto muito negativo na economia argentina, atuando sobre os preços locais. 

— Claramente um dos temas que mais nos preocupa é isso, porque a Argentina precisa de previsibilidade cambial — afirmou Coatz.

Em relação ao longo prazo, o economista disse que a UIA gostaria de ver a relação regional evoluindo no sentido de retomar a agenda de integração produtiva e de coordenação macroeconômica.

Esse alinhamento deveria levar a uma moeda comum para dar previsibilidade aos investimentos, segundo a opinião dele.

— Para nós é importante ter uma maior coordenação de política monetária, cambiaria e fiscal — disse ele, completando que há temor entre os empresários sobre mudanças no Brasil que possam afetar a economia argentina. — Qualquer mudança em áreas sensíveis tem que ser muito articulada, tomada com cautela e com negociação — opinou, com temor de medidas unilaterais.

Segundo o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que acompanha o pai na visita oficial, a proposta do “peso real” é uma conjectura e não deve ser realizada no curto prazo.

O assunto será discutido com maior profundidade entre os empresários de ambos os países durante um encontro marcado para o próximo mês entre a UIA e sua equivalente brasileira, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), no âmbito do Conselho Empresarial Brasil-Argentina (CEMBRAR). A Argentina é o terceiro sócio comercial do Brasil, atrás somente dos Estados Unidos e da China.


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