Pesquisa de boca de urna divulgada neste sábado (18) pela emissora “9News” mostra o Partido Trabalhista, liderado por Bill Shorten, com 52% dos votos nas eleições gerais na Austrália contra 48% do atual primeiro-ministro Scott Morrison, que representa a coalizão liberal e conservadora.
Caso o resultado se confirme, será a volta do Partido Trabalhista ao poder depois de seis anos. Na briga pelo governo, estão em disputa os 151 assentos da Câmara Baixa do Parlamento. Para conquistar a maioria, quem vencer precisará obter 76 cadeiras.
As urnas das eleições gerais na Austrália abriram às 8h de sábado (18) – 19h de sexta-feira (17) em Brasília – e foram fechadas às 18h (5h no horário brasileiro).
Que temas estão em debate?
Além da conturbada política local, os temas mais discutidos na Austrália têm sido os seguintes:
- Mudanças climáticas e política energética
A mudança climática e a política energética têm sido um calcanhar de Aquiles tanto dos governos do Partido Trabalhista como da coalizão Liberal-Nacional há mais de uma década, de acordo com a agência EFE.
De um lado, os governos trabalhistas receberam críticas por criarem um imposto sobre as emissões de dióxido de carbono, o que irritou o eleitorado.
De outro, ambientalistas criticam a coalizão conservadora por favorecer o uso do carvão para geração de energia e argumentar que as energias renováveis aumentam o preço das tarifas de eletricidade.
- Manutenção da estabilidade econômica
A Austrália registra quase 30 anos de crescimento econômico ininterrupto e prevê leve melhora do PIB, que, no ano passado, cresceu 2,3%. Entretanto, há sinais de desaceleração que preocupam o eleitorado.
Embora o desemprego se mantenha estável em 5%, os trabalhadores enfrentam estagnação do aumento salarial e alto custo de vida. O preço da moradia, principalmente, preocupa os australianos, o que dificulta o aluguel para pessoas de baixa renda e a compra para famílias de classe média.
- Imigração
A chegada de estrangeiros, sobretudo nas cidades de Sydney e Melbourne, e a pressão sobre as infraestruturas levou o governo a reduzir a cota anual de imigrantes permanentes de 190 mil para 160 mil. Além disso, o país passou a adotar medidas para promover a migração a cidades do interior e de zonas rurais.
As políticas de imigração, marcadas pelo envio de solicitantes de asilo a centros de detenção em Nauru e Papua Nova Guiné, no Oceano Pacífico, tiveram um ponto de inflexão após as reivindicações de médicos, políticos e parte da população para melhorar o tratamento dos imigrantes. A pressão resultou em uma lei para facilitar as transferências por razões médicas à Austrália.
Mesmo assim, a coalizão governista defende o controle de fronteiras para evitar também a entrada de possíveis terroristas. O governo, porém, suavizou o discurso após o ataque supremacista ocorrido na Nova Zelândia em março, cometido por um australiano que matou 51 pessoas.
- Relações com China e EUA
As eleições também definirão o futuro do relacionamento com a China. Por um lado, o gigante asiático é o principal parceiro comercial da Austrália – os australianos representam a principal fonte de recursos naturais do gigante asiático.
Porém, Austrália e China têm relação tensa devido a recentes leis contra a interferência chinesa na política interna australiana. Isso depois de suspeitas sobre atividades de espionagem e ataques hacker recaírem sobre os chineses.
Também são motivos de preocupação para a Austrália os investimentos chineses no país, a militarização do mar da China Meridional e a prisão de ativistas em território chinês.
Seja qual for o resultado, a Austrália deve se manter como um aliado histórico dos Estados Unidos. Ambos os países têm longa e sólida parceria militar, de segurança e inteligência. As forças australianas, inclusive, participam de operações no Oriente Médio.
Além disso, a Austrália reconheceu Jerusalém Ocidental como capital de Israel no fim do ano passado – movimento semelhante ao adotado por Donald Trump. A diferença é que o governo australiano não pretende transferir a embaixada local, que continua em Tel Aviv.