Atos contra Bolsonaro levam milhares às ruas no Rio e em SP

Na capital paulista, manifestação tem acusação de querer criar ditadura e invenção de facada

Folha

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Manifestantes protestam contra governo Bolsonaro, na avenida Paulista, em São Paulo / Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress
Manifestantes protestam contra governo Bolsonaro, na avenida Paulista, em São Paulo / Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress

Um protesto organizado por centrais sindicais e movimento estudantil contra a política educacional do governo Jair Bolsonaro (PSL) e cortes na área reúne, no fim da tarde desta terça-feira (13), milhares de pessoas em São Paulo e no Rio de Janeiro. Mais cedo, manifestantes ocuparam a Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

Esta é a terceira onda de atos contra a política de educação de Bolsonaro a tomar várias cidades.

Em São Paulo, o ato, um tanto esvaziado numa tarde fria e chuvosa, foi contrário também à reforma da Previdência e outras bandeiras governistas. A manifestação não poupou o presidente de xingamentos como “idiota”. Políticos de oposição o acusaram de tentativa de “implantar uma ditadura” no Brasil.

Com os tradicionais balões das centrais sindicais, incluindo um com presidente com uma faixa laranja (referência ao esquema de candidaturas laranjas do partido de Bolsonaro) no peito, a manifestação ocupava cerca de dois quarteirões da avenida Paulista por volta das 17h30.

Nas faixas de protesto, um dos programas mais atacados era o Future-se, que estimula captação de verba privada por universidades federais. Uma das faixas dizia: “Exterminador do futuro ou enganador do Future-se”. 

O ex-ministro do Trabalho Luiz Marinho (PT), no alto do carro de som, chegou a dizer que “inventaram até uma facada para colocar ele no Palácio do Planalto”. “Estamos enfrentando não simplesmente um governo que pensa diferente de nós, mas um governo que quer implantar uma ditadura”, afirmou. 

A deputada estadual Beth Sabão, também do PT, definiu os cortes como “um desmonte”. “As políticas educacionais e públicas neste país estão desidratando”.

Presidente da Apeoesp (sindicato dos professores da rede estadual), a deputada estadual Professora Bebel (PT) falou que “Bolsonaro não tem condições de ser presidente do Brasil”. “O nosso presidente seria o Lula, mas o golpe, através das fake news, colocou no poder esse idiota que não pensa no que fala.”

A CUT (Central Única dos Trabalhadores) e sindicatos filiados e ela estiveram na manifestação em apoio a estudantes e professores. Também se posicionaram contra a reforma da Previdência. 

Segundo Sérgio Nobre, secretário geral da CUT, as mudanças nas aposentadorias são danosas aos trabalhadores. “O país está sendo desmontado. A manifestação de hoje é  também contra a Previdência, que impede que trabalhadores se aposentem”, disse ele.

Para o CTB (Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), há uma expectativa que o Senado faça mudanças na proposta da reforma, enviada pela Câmara dos Deputados na última quinta-feira (8). “Vamos continuar nos mobilizando para que a reforma não tire dinheiro de quem precisa. Somos a favor de uma reforma que corrija as distorções da Previdência”, afirmou Onofre Gonçalves de Jesus, dirigente nacional do CTB.

RIO DE JANEIRO

No Rio, manifestantes se reuniram em frente à Igreja da Candelária, no centro.

Grupos de estudantes da rede pública entoavam gritos como “Sou estudante, não abro mão da Previdência e da educação” e “Trabalhador, tô do seu lado, nosso futuro não será privatizado”.

Por volta das 17h30, a avenida Presidente Vargas estava fechada nas proximidades da Igreja. A Polícia Militar acompanhava o ato.

As professoras de sociologia Maria da Conceição, 71, e Ruth Vilhena, 73, afirmam que a luta pela educação as levou ao protesto. “Quem estudou e trabalhou em escola pública vê essa destruição. Tenho esperança que o país acorde, não pode viver nesse retrocesso”, diz Ruth.

Maria afirma que foi ao ato para demonstrar que não concorda com o projeto (“ou com a falta de projeto”) do governo Bolsonaro. Ela diz que gostaria que existissem mais canais de participação popular, porque entende que a população não se sente inteiramente representada pelos políticos. “Em 2013 deixamos isso claro. Aliás, em 1968 já dissemos isso.”

BRASÍLIA

Em Brasília, as pautas eram as mesmas: contra cortes na educação, o projeto Future-se e a reforma da Previdência.

Os organizadores da passeata estimaram a participação de 10 mil pessoas. Dentre os quais, dois mil indígenas que estão acampados na cidade. Já a PM contou 4.000 participantes.

A passeata começou por volta das 10h30. Todas as pistas do eixo monumental foram ocupadas pelos manifestantes, que seguiram em direção ao Congresso Nacional. Eles se uniram com a Marcha das Mulheres Indígenas.

Por volta das 11h, manifestantes dos dois movimentos se juntaram no gramado diante do Congresso. Não houve registro de tumulto.

A Força Nacional de Segurança foi autorizada a fazer a segurança dos arredores de prédios do Ministério da Educação e da Esplanada dos Ministérios, segundo decreto assinado na semana passada pelo ministro Sergio Moro (Justiça).

A UNE tentou barrar na Justiça a medida por entender que ela é ilegal, mas o ministro Sérgio Kukina, do Superior Tribunal de Justiça, negou o pedido.

Sob sol forte, os manifestantes começaram a dispersar por volta das 12h30 e, às 13h30, o ato já havia acabado no gramado em frente ao Congresso. A manifestação, menor do que as realizadas neste ano, não chegou a passar em frente ao MEC, como era previsto. 

Bandeiras da CUT, PT, PSOL e PCO integraram o movimento.

Artur Rodrigues, Mariana Grazini , Ana Luiza Albuquerque e Paulo Saldaña

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