Intolerância Religiosa: Sacerdote de Terreiro em Ceará-Mirim faz denúncia na Assembleia Legislativa

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Sacerdotes Baba Melk Zedec de Xangô (esq.) e Mãe Lúcia de Nanã (dir.) relataram violências religiosas durante audiência / Kennet Anderson
Sacerdotes Baba Melk Zedec de Xangô (esq.) e Mãe Lúcia de Nanã (dir.) relataram violências religiosas durante audiência / Kennet Anderson

Líderes religiosos de matriz africana se reuniram para participar de uma audiência pública, realizada na assembleia legislativa do Estado, organizada pela Frente Mista Parlamentar em Defesa dos Povos e Comunidades Tradicionais do RN. Dentre os participantes estava o Babalorixá Baba Melk Zedec de Xangô, líder de um terreiro em Ceará-Mirim, que fez graves denúncias sobre a intolerância religiosa no Rio Grande do Norte.

Melk Zedec afirmou que as religiões de matriz africana como Candomblé e Umbanda são marginalizadas há décadas no país e no Rio Grande do Norte não é diferente. Segundo ele as áreas nobres das cidades potiguares não possuem nenhum terreiro registrado por conta do impedimento de seus moradores.

“Antigamente já não era possível instalar um terreiro num bairro rico, nossos locais religiosos se restringiam às periferias. Infelizmente agora nem mesmo lá estamos seguros, pois outras religiões se unem para ameaçar, depredar e tentar nos expulsar de onde estamos.” Denunciou o Babalorixá na audiência.

Repressão do Estado

Infelizmente, o problema é tão grave que até mesmo representantes do estado, muitas vezes, praticam a intolerância. De acordo com o relato, muitas são as denúncias feitas à policiais que chegam nos terreiros e, sem tomar depoimento ou ponderar o que foi dito, apreendem os instrumentos sagrados e conduzem os participantes dos cultos à delegacia.

“Nossos sacerdotes se sentem acuados diante das denúncias e da ação policial. É preciso que o Estado garanta um treinamento adequado aos profissionais que conduzem estas denúncias para que se evite essas situações injustificáveis.” Finaliza Melk.

Outra autoridade religiosa que levantou denúncias foi a Sacerdotisa de Jurema Mãe Lúcia de Nanã, ela garante que existe uma diferença de tratamento por parte das autoridades com as religiões de matriz africana.

“A polícia não bate na porta de igrejas evangélicas ou católicas, então por que bate no terreiro? Derrubam a porta, apreendem agressivamente nossos sagrados e dizem que somos o mal. Somos o mal? Nós não somos o mal, nós só queremos o bem para todo mundo!.”

Frente Mista Parlamentar em Defesa dos Povos e Comunidades Tradicionais do RN

A Frente Mista foi criada em maio de 2019 com o Curso dos Promotores Populares Legais o Direito dos Povos e Comunidades Tradicionais do RN, unindo sacerdotes, pais e mães de santo junto com outros representantes de comunidades tradicionais de todo o estado.

A deputada estadual Isolda Dantas (PT) é uma das parlamentares que integram o grupo e ressalta que a Frente Mista é um compromisso feito com os membros das comunidades para levar à sociedade o debate sobre a intolerância e os riscos que isso traz.

Segundo a deputada as pessoas devem ter o direito de escolher sua religião e é dever do Estado garantir que elas possam exercer esse direito livremente.

Com informações do Brasil de Fato

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