Doria lembra de exílio do pai e diz que fala de Bolsonaro sobre desaparecido na ditadura é ‘inaceitável’

Presidente disse nesta segunda que contaria a Felipe Santa Cruz, da OAB, como o pai desapareceu durante o regime militar.

Por G1 SP

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O governador do estado de São Paulo, João Doria (PSDB), considerou como “inaceitável” e “infeliz” a fala do presidente Jair Bolsonaro (PSL) sobre o pai do presidente da Ordem do Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, desaparecido durante a ditadura militar.

Bolsonaro disse nesta segunda-feira (29) que “um dia” contará ao presidente da OAB como o pai do jurista desapareceu na ditadura militar, caso a informação interesse ao filho.

Em coletiva de imprensa, também nesta segunda, Doria disse que não poderia se calar sobre a fala.

“Eu sou filho de um deputado cassado pelo golpe de 64 e eu vivi o exílio com o meu pai que perdeu quase tudo na vida em dez anos de exílio pela ditadura militar. Inaceitável que o presidente da república se manifeste da forma como se manifestou em relação ao pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. Foi uma declaração infeliz do presidente Jair Bolsonaro.”,

O presidente deu a declaração ao comentar o desfecho do processo judicial que considerou Adélio Bispo, autor da facada em Bolsonaro durante a campanha eleitoral, inimputável (isento de pena devido a doença mental). Por isso, ele ficará em um manicômio em vez de um presídio.

Antes de falar sobre o pai de Santa Cruz, Bolsonaro criticou a atuação da OAB no caso de Adélio Bispo e perguntou qual era a intenção da entidade. Segundo o presidente, a ordem teria impedido o acesso da Polícia Federal ao telefone de um dos advogados do autor da facada.

Segundo Bolsonaro, Santa Cruz “não vai querer saber a verdade” sobre o pai, Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, que desapareceu no período na ditadura militar (1964-1985).

“Um dia se o presidente da OAB [Felipe Santa Cruz] quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto para ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Eu conto para ele”, disse Bolsonaro.

“Não é minha versão. É que a minha vivência me fez chegar às conclusões naquele momento. O pai dele integrou a Ação Popular, o grupo mais sanguinário e violento da guerrilha lá de Pernambuco, e veio a desaparecer no Rio de Janeiro”, complementou.

Em nota de repúdio às declarações de Bolsonaro, a OAB afirmou que todas as autoridades do país devem “obediência à Constituição Federal”, que tem entre seus fundamentos “a dignidade da pessoa humana, na qual se inclui o direito ao respeito da memória dos mortos.”

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