Ato contra bloqueio de verba da Educação reúne milhares em Brasília e tem um detido

PM estimou 2,5 mil participantes, mas organizadores falam em 10 mil; atos são registrados em pelo menos 59 cidades de 19 estados e DF

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Manifestante é detido pela PM durante protesto pela Educação em Brasília Foto: Felipe Moura

BRASÍLIA — Professores, estudantes e integrantes de movimentos sindicais se reúnem na Esplanada dos Ministérios , na capital federal , pela segunda vez em quinze dias, para protestar contra o contingenciamento de recursos para instituições de ensino superior, anunciado pelo governo no fim de abril.

A Polícia Militar estima que cerca de 2,5 mil pessoas estavam no local, enquanto a UNE fala em 8 mil presentes. Em um trio elétrico, organizadores disseram que o público estimado é de 10 mil pessoas.

Um princípio de confusão aconteceu quando um homem foi detido pela PM e manifestantes tentaram impedir a ação. De acordo com a polícia, o rapaz estava de máscara, o que não é permitido, e se recusou a se identificar. Os manifestantes afirmam que o homem retirou a máscara assim que foi solicitado.

Protesto em defesa da Educação no entorno do Museu Nacional, em Brasília (DF), na manhã desta quinta-feira Foto: LEONARDO MILANO/FUTURA PRESS / Agência O Globo
Protesto em defesa da Educação no entorno do Museu Nacional, em Brasília (DF), na manhã desta quinta-feira Foto: LEONARDO MILANO/FUTURA PRESS / Agência O Globo

Parlamentares também participam do ato na capital federal. As deputadas federais Gleise Hoffman (PT/PR), Érika Kokay (PT/DF) e o deputado distrital Fábio Feliz (PSOL/DF) discursaram no trio elétrico.

Entenda o que motivou a manifestação nacional

Ministério da Educação (MEC) bloqueou 30% das verbas destinadas ao pagamento de despesas discricionárias de universidades e institutos federais. Em resposta à medida, manifestantes realizaram atos em mais de 200 cidades do país, em 15 de maio.  De acordo com responsáveis pela organização dos novos protestos, nesta terça-feira, o evento pretende ser uma “continuidade” do primeiro.

— A convocação é uma continuação da pauta levantada dia 15, questionando o corte de verbas que chegou até a educação básica, inclusive no Fundeb. As instituições de ensino estão em risco. Queremos exigir a revisão do contingenciamento — afirmou o diretor nacional da União Nacional dos Estudantes (UNE), Hélio Barreto.

A UNE e sindicatos dos professores também criticam a reforma da Previdência apresentada pelo executivo.  Ele considera “chantagem” a fala do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que afirmou que “se a gente conseguir aprovar a Previdência e voltar a arrecadação, volta o orçamento”.

— Não queremos escolher entre uma coisa e outra, mas ter os nossos direitos que são garantidos pela Constituição — disse Barreto.

Aluno do terceiro ano do ensino médio, no Paranoá, região administrativa do Distrito Federal, Álisson Teotonio, 17, participa do ato e acha que o contingenciamento das verbas foi “irresponsabilidade do governo”.

— Viemos levantar a voz pelo direito à Educação, presente na Constituição. O governo decidiu cortar por ter medo de alunos críticos. Se continuar assim, vai intervir no orçamento das escolas, também — afirmou o aluno, que quer estudar na UnB.

Ex-professor de português em escola pública, José Luiz Ribeiro compareceu à manifestação ao lado da esposa. O aposentado foi ao ato para criticar o governo Bolsonaro e o bloqueio dos recursos.

— O governo quer acabar com a universidade e a escola pública e não dá o mínimo valor aos profissionais de educação — disse o educador, que é contra o texto da Previdência, o pacote anticrime do ministro Sérgio Moro e a atuação do governo na demarcação de terras indígenas.

Protestos já atingem 32 cidades

Estudantes, professores e profissionais da Educação participam de protestos em defesa da Educação, nesta quinta-feira, de acordo com o G1, em pelo menos 59 cidades de 19 estados e do Distrito Federal. Esta é a segunda manifestação organizada contra o bloqueio de verbas anunciado pelo governo federal, anunciado no início do mês.

Em algumas cidades, como Caruaru (PE), São Carlos (SP) e Teresina (PI), as paralisações contaram com a adesão de professores em instituições federais. Na Bahia, um ato tomou as ruas do Centro de Salvador logo pela manhã. Professores e estudantes se concentraram por volta das 9h, no Largo do Campo Grande.

Na capital do Maranhão, São Luis, um grupo de estudantes distribuiu panfletos na Avenida dos Portugueses, informando aos motoristas sobre os objetivos do ato. As entradas e saídas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) foram bloqueadas. Em Pernambuco, O Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) aprovou a paralisação das aulas nesta quinta-feira. Já no campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a decisão ficou a cargo de cada professor.

São Paulo

No interior de São Paulo, na cidade de Ribeirão Preto, uma manifestação ocorreu em frente ao campus da USP e durou cerca de duas horas. As pessoas distribuíam panfletos e exibiam cartazes e faixas com frases como “Sem investimento não haverá conhecimento” e “A educação resiste”.

Em Santos, um grupo de petroleiros se reuniu para protestar em apoio aos estudantes e em defesa das refinarias, atacando as privatizações e a Reforma da Previdência. Na cidade de Araraquara, estudantes organizaram uma manifestação em frente ao campus da Universidade Estadual Paulista (Unesp). A entrada de funcionários terceirizados e alunos que desenvolvem algum tipo de pesquisa científica foi liberada.

Em São Carlos, estudantes, professores e servidores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) saíram em passeata direção ao Centro da cidade. Houve paralisação na UFScar, segundo a associação de professores, mas a assessoria de imprensa da universidade informou que a adesão é uma decisão pessoal e que a instituição funciona normalmente.

(*) Estagiário sob supervisão de Francisco Leali


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