Caso Flávio Bolsonaro: Receita Federal vai criar equipe especial para mapear origem e destino de movimentações atípicas

Grupo vai investigar declarações fiscais de senador, Queiroz e de mais 93 alvos de quebra de sigilo autorizada pela Justiça do Rio

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O senador Flávio Bolsonaro no Congresso 01/02/2019 Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo

A Receita Federal vai criar uma equipe especial para investigar as declarações fiscais do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), do ex-assessor dele Fabrício Queiroz e de mais 93 pessoas que tiveram seus sigilos bancário e fiscal quebrados por ordem da 27ª Vara Criminal do Rio. Ao longo das investigações, o grupo deverá fazer “aranhas” das movimentações atípicas. Ou seja, vai mapear a origem e o destino final das transações financeiras.

Os mapas vão apontar também os vínculos entre os personagens envolvidos em todas as transações para tentar compreender todo o caminho do dinheiro.

Um dos pontos a ser investigado, segundo uma fonte que acompanha o caso, são os repasses de dinheiro de Queiroz a Michelle Bolsonaro, mulher do presidente Jair Bolsonaro. Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), uma das bases da investigação do Ministério Público do Rio, apontou repasse de R$ 24 mil de Queiroz para a mulher do presidente.

Em uma entrevista em 31 de dezembro passado, um dia antes de tomar posse, Bolsonaro disse que o dinheiro era parte do pagamento de empréstimos feitos por ele a Queiroz, que totalizariam R$ 40 mil.

A declaração de Bolsonaro ajudou aliados a rebater críticas de adversários no campo político. Mas, para a Receita, será necessário avançar no tema. Queiroz terá que dar explicações detalhadas sobre como teria recebido os recursos e, posteriormente, feito os pagamentos.

Segundo um auditor, a Receita não exige um contrato formal de empréstimo, mas em casos similares o investigado é obrigado a comprovar a saída e o retorno do dinheiro. O auditor afirma que casos deste tipo são comuns na rotina do fisco. Com o repasse feito por Queiroz a Michelle, não teria porque ser diferente.

O deputado federal Flávio Bolsonaro em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), onde trabalhou por 16 anos como deputado estadual. A primeira eleição dele foi em 2002, como o parlamentar mais jovem da história da Casa. Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Procurada pelo GLOBO, a Receita Federal disse que não faria comentários sobre o assunto. O senador Flávio Bolsonaro tem afirmado que “tudo será provado em momento oportuno dentro do processo legal”. A defesa de Queiroz já impetrou um habeas corpus para anular as quebras de sigilo com o argumento de que não há “embasamento legal”, além de sustentar a legalidade das operações do ex-assessor.

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