O secretário de Gestão de Projetos e Metas, Fernando Mineiro, coordenador do Projeto Governo Cidadão, conheceu o processo produtivo da Fazenda Caju, onde funciona a primeira queijeira do tipo artesanal certificada pelo Governo do RN. A visita técnica ocorreu nesta sexta-feira, 12, e promoveu um importante intercâmbio de experiências, já que o Projeto é responsável pela construção e equipagem de 39 queijeiras pelo Seridó.
Localizada no distrito de Gravatá, em Ceará-Mirim, na Região Metropolitana de Natal, a unidade processa, artesanalmente, cerca de 30 litros de leite por dia que resultam em sete ou oito peças de queijo, segundo Marinho de Sousa, proprietário da fazenda.
Atualmente, a queijeira passa por uma espécie de entressafra e dos seus tachos estão saindo apenas queijos de coalho e ricota. No entanto, a unidade já produziu mais de dez tipos da iguaria, a maioria delas curadas durante pelo menos 30 dias, feitas com leite cru extraídos de vacas da raça Gir Leiteiro. Seus queijos têm receitas únicas e levam nomes de localidades da região, como Vale Verde, Guaporé, Mucuripe e Oiteiro e ganharam visibilidade nacional este ano, quando foram mostrados em reportagem no programa do chef Edu Guedes, na Band. “Enquanto uma queijeira industrial pasteuriza o leite, a artesanal usa o leite cru, mantendo os tais lactobacilos vivos”, explica Marinho. “Dessa forma, temos um produto vivo e rico em nutrientes e em sabor”.
Lei do Queijo
Esse processo artesanal foi certificado pela primeira vez pelo Governo do RN em 2019, quando a governadora Fátima Bezerra entregou pessoalmente a Marinho o documento e o selo emitido pelo do IDIARN – Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do RN atestando que a propriedade é livre de tuberculose e brucelose e que seguiu os parâmetros traçados na Lei Estadual nº 10.230, de 7 de agosto de 2017, que trata da produção e da comercialização de queijos e manteiga artesanais do Rio Grande do Norte – Lei Nivardo Mello.
Na época, a certificação foi considerada um marco histórico, pois atendeu um anseio antigo dos produtores artesanais já que expande sua produção e qualificação, mantendo a tradição artesanal e preservando a cultura gastronômica norte-rio-grandense. Marinho faz parte da quinta geração de uma família seridoense produtora de queijo a partir do leite cru e buscava há anos a certificação.
39 queijeiras no Seridó
Por meio de duas cooperativas – Agropecuária do Seridó (Capesa) e dos Agricultores Familiares do Seridó (Coafs) – o Governo do Estado está investindo R$ 20 milhões na construção e equipagem de 39 queijeiras situadas, não por acaso, no Seridó, região da família de Marinho, conhecida pela alta qualidade de seus queijos de manteiga, de coalho e manteiga do sertão.
Todas as 39 unidades são beneficiárias do Edital de Leite e Derivados do Governo do Estado, Governo Cidadão e Secretaria de Estado da Agricultura da Pecuária e da Pesca (SAPE), com recursos estaduais viabilizados junto ao acordo de empréstimo com ao Banco Mundial, e passarão a atuar em prédios que atendem os padrões sanitários vigentes. Além disso, as sedes da Coafs e da Capesa ainda receberam, respectivamente, reforma e usina fotovoltaica para fornecimento de parte da energia consumida. No caso da Capesa, a usina servirá ao funcionamento das unidades de beneficiamentos ligadas à cooperativa. As queijeiras já estão em fase de instalação dos equipamentos.
Este é um fomento que incentiva a produção agropecuária, proporciona a geração de trabalho e renda, agrega valor e fomenta uma cadeia produtiva que envolve outros setores como os de embalagens e distribuição.
Intercâmbio
As queijeiras estruturadas com verba estatal atuarão como mini-indústrias e também poderão adotar a produção artesanal e pleitear a certificação conquistada pela Fazenda Caju. “Viemos conhecer a experiência da Fazenda Caju para compartilhá-la com os nossos beneficiários e apontar mais esta possibilidade de mercado aos seus negócios”, disse Fernando Mineiro.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estima um total de 170 mil produtores de queijos artesanais no Brasil. De acordo com a Agência de Desenvolvimento Sustentável do Seridó (ADESE), há 315 unidades produtivas deste tipo nos 17 municípios desta região.