Embora ainda sejam minoria na Câmara, parlamentares mulheres produzem e aprovam mais projetos de lei do que seus colegas homens. É o que revela estudo inédito da organização feminista suprapartidária Vamos Juntas, que analisou a atuação parlamentar de 2015 a 2020 na Casa. Os dados foram divulgados nesta semana em meio às reflexões do Dia Internacional da Mulher, 8 de março.
Em 2020, a bancada feminina foi responsável pela aprovação de 24 projetos de lei, sendo que nove dessas aprovações se deram em um único dia. A presença de mulheres na política demonstra avanços consideráveis em temáticas de suma importância para o país como saúde e educação. Mesmo ocupando apenas 15% das cadeiras, as deputadas são responsáveis por 22% dos projetos relacionados à educação e 25% dos projetos da área da saúde.
O Instituto Vamos Juntas é encabeçado pela deputada Tabata Amaral (PDT-SP) e auxilia mulheres de todo o país que desejam entrar na política a se prepararem para a vida pública. Em 2020, elas foram responsáveis por ajudar a eleger 11 vereadoras, segundo a entidade.
De acordo com a parlamentar, um dos fatores que fazem com que o aproveitamento das deputadas seja maior que o de seus pares homens é a necessidade de provar todos os dias que são boas profissionais.
“Existe um imaginário de que política não é ‘coisa’ de mulher, de que as mulheres não são competentes o suficiente. Isso faz com que os homens permaneçam nos espaços de poder”, diz.
“Uma forma de lutar contra isso é fazer valer as leis como as reservas de cadeiras e fundos eleitorais destinados às mulheres”, defende a deputada. Para ela, essas são algumas das poucas medidas efetivas para se obter a equidade de gênero na política.
Atualmente, o Brasil ocupa o 154º lugar no ranking de 2020 da Inter-Parliamentary Union sobre a presença feminina nos parlamentos, ficando atrás de países como o Camboja, Afeganistão, Nigéria e Índia. O Relatório Mundial sobre a Desigualdade de Gênero 2020 demonstrou que o país necessita de mais de 60 anos para a eliminar as diferenças de oportunidades entre os gêneros.
*Thaís Rodrigues é repórter do Programa de Diversidade nas Redações realizado pela Énois – Laboratório de Jornalismo, com o apoio do Google News Initiative